quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A LUZ E O BEM DO GAROTO EINSTEIN

Tem uns pensamentos metidos que tentam dar comando às ações e reações do vivente. Se deixar, eles te absorvem, tipo aquele gargalo quando se tira a tampa de vedação do tanque. Até parece a minha velha Captiva sorvendo gasolina a cada acelerada mais forte, para alimentar seus seis cilindros. Ou a garrafa de pinga na boca do bêbado insaciável. Verdadeiros vortex.
Chove lá fora e fui absorvido por um pensamento. Teclado em posição e vejam só: gira pela internet a mensagem de um garoto, que dizem ser Einstein em sala de aula, ainda no básico, contestando o prussiano professor. Dentre as coisas que disse, surpreendendo o mestre, foi que o escuro é a ausência de luz e, o que mais gravei, que “o mal é a ausência do bem, ele não existe”.
Não li a biografia do grande cientista, mas a réplica do garoto foi genial! Então o mal simplesmente não existe porque é um ausente? Ainda assim penso com subjetividades... Se uma coisa está ausente, é porque não se faz presente, ou seja, não se encontra no sistema, é uma mera abstração, assim como o espírito, que dizem ter personalidade. Compreendi e faço a “prova dos nove”. Se as trevas são a ausência da luz, onde não tem luz, não tem nada; e se o bem é a ausência do mal, onde tem mal tem nada? Não quero cotejar luz e bem, e acho que não é este o caminho. Analiso o mal e entendo que nem sempre ele é abstrato. Ou a dor física, o soco no olho, o assalto ao teu bolso, não estão no nosso minuto a minuto? Ninguém quer passar por isso porque não é nada “bom”. Então, se o mal físico existe, é porque “existe o mal”, não sendo ele, pois, “ausente”.
E o mal mental, ou, como queiram, espiritual? Existe, sem sombra de dúvida, é só fazer uma visita ao manicômio judicial e aos presídios, para constatar. Se preferir, podes sentir o cheiro da brilhantina nos corredores do Estado. Ali vais encontrar o mal maior, que quase todo mundo vê.
Os parâmetros que consigo abarcar me permitem chegar à conclusão que o mal não é nenhuma abstração. Tem vezes que se manifesta em carne e osso, como o próprio capeta.
Pois é, mas se está escuro, é porque não tem luz; e se tem o mal, é porque não tem bem? Sendo assim, a luz e o bem poderiam ser meras abstrações? Não concordo. Noves fora. Saindo do vórtice.

Renato Mauricio Basso
juiz aposentado

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Trechos do livro "O Arroz de Palma", de Francisco Azevedo.


"Família é prato difícil de preparar.

São muitos ingredientes.

Reunir todos é um problema...

Não é para qualquer um.

Os truques, os segredos, o imprevisível.

Às vezes, dá até vontade de desistir...

Mas a vida... sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite.

O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares.

Súbito, feito milagre, a família está servida.

Fulana sai a mais inteligente de todas.

Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade.

Sicrano, quem diria?

Solou, endureceu, murchou antes do tempo.

Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante.

Aquele, o que surpreendeu e foi morar longe.

Ela, a mais apaixonada.

A outra, a mais consistente...

Já estão aí? Todos? Ótimo!

Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados.

Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola.

Não se envergonhe de chorar.

Família é prato que emociona.

E a gente chora mesmo.

De alegria, de raiva ou de tristeza.

Primeiro cuidado: Temperos exóticos alteram o sabor do parentesco.

Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.

Atenção também com os pesos e as medidas.

Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto: É um verdadeiro desastre.

Família é prato extremamente sensível.

Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido.

Outra coisa: É preciso ter boa mão, ser profissional.

Principalmente na hora que se decide meter a colher.

Saber meter a colher é verdadeira arte.

As vezes o ídolo da família,  o bonzinho, o bola cheia que sempre ajudou azedou a comida só porque meteu a colher.

O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita.

Bobagem!

Tudo ilusão!

Família é afinidade, é à Moda da Casa.

E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.

Há famílias doces.

Outras, meio amargas.

Outras apimentadíssimas.

Há também as que não têm gosto de nada, seria assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha.

Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo.

Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.

Enfim, receita de família não se copia, se inventa.

A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia.

A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel.

Muita coisa se perde na lembrança.

O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer.

Se puder saborear, saboreie.

Não ligue para etiquetas.

Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro.

Aproveite ao máximo.

Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete!

Família:

Feliz quem tem e sabe curtir, aproveitar e valorizar..."
Família projeto de Deus

Entao...
Amém-se, Perdoem -se, Aceitem-se, Suportem-se e vivam como se hoje fosse o último dia que você vai estar com a sua família!
Família privilégio pra quem a tem!



Renato M. Basso
Juiz aposentado

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A PSICOLOGIA DA PINGA

                         
O Direito restringe-se às relações humanas. A Psicanálise ao entendimento empírico da mente. Se pudermos educar, moldar, menos leis precisaremos. Seria o caos tirar direitos sem compensação de entendimentos. Os britânicos nunca escreveram sua constituição, mas todos sabem seus termos e sabem que devem segui-los. Mesmo que o álcool fosse proibido, o dependente iria fazer o diabo por um gole. Os pensadores poderiam construir uma nova maneira de pensar. Talvez, com a divulgação mais ampla dos mais recentes estudos sobre cromossomos e com um programa de educação específico, se possa frear o desequilíbrio mental que assola o mundo, causado pelo uso incontido do álcool.
                    *
                          
Dia chuvoso, a velharada de pijama e o monólogo já me enfastiava. Desci e fui tomar água de coco, depois do chimarrão.
Estava meio disposto a ver o que acontecia no quiosque da frente da minha casa. Quando passei, vi cocos entrelaçados, pendurados na aba da cabana, na chuva, tinindo.
Na volta da caminhada parei. Já chegava antes de mim, meio na pressa, o ciclista fissurado. Os dois dentes que lhe faltavam no limpa trilhos, não desautorizaram sua simpatia para com a moça, que o serviu na medida. Copo liso e cheio, dos graúdos, foi sorvido em metade, num golpe só, enquanto já se enchia para ele, com um pouco de espuma, outro copo de cerveja em lata.
Aguardei ser atendido, olhei para o copo liso, na bancada em frente, onde o ameríndio era protegido da chuva por uma lona improvisada, e lasquei a pergunta mesmo diante da cara de brabo do vivente.
- O da tua esquerda é pinga? Porquê, se for, te digo que é a minha bebida favorita. É, e tenho razões para isso, uma coisa atávica. Vai que no passado eu tenha sido um degustador de pinga, lá nas Minas Gerais, e não tenha perdido a manha! Para explicar melhor, eu disse que o álcool provoca na mente uma série de distúrbios às vezes difíceis de controlar, como cabra macho que bate na patroa depois de uns goles a mais. A minha dose para não cair em desgraça é de um copinho de destilado, em média, de vinte em vinte dias.
A fenda escura da falta de dentes ficou mais iluminada e agora parecia uma oca coberta pelos fios tordilhos do bigode desengonçado. Durante o sorriso passou a afirmar que, também, cuidava para “não dar o passo maior que a perna”, e quando falei que se o fígado reclama tem que parar, concordou prontamente com a cabeça em movimento e os olhos estalados.
A fisionomia de quem foi pego de surpresa continuou na sua fachada, quando contei a história de um amigo meu, não lembro o nome, que largou o costume porque depois do uísque queria bater em todo o mundo. Parou porque estava passando a apanhar e estava meio envergonhado com a situação. Ia finalizar com a máxima “não fazendo o mal, tudo bem” e o homem se largou a dizer das suas experiências e das vivências que o levam para o lado dos bons.
Quando ele falou que colidiu com uma porta de automóvel aberta sem cautela por um idoso, eu disse que iria botar minhas pantufas de molho, e me mandei dando risadas.
Ah, a gargalhada de alegria que ouvi, já há uns dez passos, foi gratificante. Acho que já tenho um eleitor.
Psicologia é uma coisa interessante, não é mesmo? Faz até bêbado pensar um pouco.
Mas se não saio de fininho, teria de cortar caminho.

Renato Maurício Basso

Juiz aposentado

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Chapecoense vai ao ataque para alcançar a classificação em casa diante do Cuiabá

Como perdeu o jogo de ida, Verdão precisa vencer por dois gols de diferença

Chapecoense vai ao ataque para alcançar a classificação em casa diante do Cuiabá Arte/DC
Foto: Arte / DC
 
 
darci debona
 
Atacar o Cuiabá desde o início da partida, que começa às 21h45min, na Arena Condá, será a missão da Chapecoense para buscar a classificação para a próxima fase da Copa Sul-Americana. Como perdeu o jogo de ida por 1 a 0, em Cuiabá, o time catarinense precisa vencer por dois gols de diferença. Vitória por 1 a 0 leva a decisão para os pênaltis e, se sofrer gol, não basta a diferença de um gol, em virtude do gol qualificado, que é aquele feito na casa do adversário.
Por isso, o técnico Caio Júnior já avisou que vai postar o time de forma diferente da que atua no Campeonato Brasileiro.
– Teremos um desenho mais ofensivo – adiantou.
Ele disse que o time matogrossense se defende bem e por isso há a necessidade de criar bastante.
O time vai mudar em quatro posições em relação ao que iniciou a partida de domingo, contra o Flamengo.
Kempes e Martinuccio, lesionados, dão lugar a Bruno Rangel e Lucas Gomes. Outras duas mudanças são por opção do treinador. Mateus Caramelo entra na lateral-direita no lugar de Gimenez e o volante Sérgio Manoel entra no lugar de Gil.
Para lotar o estádio, a diretoria fez promoção de ingressos.


FICHA TÉCNICA


CHAPECOENSEDanilo, Mateus Caramelo, Willian Thiego, Filipe Machado e Dener; Josimar, Sérgio Manoel e Cleber Santana; Hyoran, Lucas Gomes e Bruno Rangel. 
Técnico: Caio Jr.
CUIABÁAndré, Dedé, Douglas, Diogo e Maninho; Carlão, Leo Salino, Dakson e Paulinho Mocelin; Juba e Tiago Amaral. 
Técnico: Roberto Fonseca.
Horário: 21h45min
Arbitragem: Jesus Valenzuela, Luis Murillo e Tulio Moreno (trio da Venezuela)
Local: Arena Condá, em Chapecó.

Ingressos: R$ 20 (Geral), R$ 40 (Social) e R$ 100 (Cadeira). Sócios podem comprar dois ingressos pela metade do preço, exceto cadeiras.


O SOL DIÁRIO 

Fifa cogita mudança no formato do Mundial de Clubes

Fifa cogita mudança no formato do Mundial de Clubes FABRICE COFFRINI / AFP/AFP

Gestão de Infantino está disposta a fazer mudanças em competições organizadas pela Fifa


Foto: FABRICE COFFRINI / AFP / AFP


A Fifa está em um momento de pensar em mudanças nos torneios que organiza. Além da competição olímpica de futebol, o Mundial de Clubes está na lista. O presidente Gianni Infantino, de acordo com o Lance!, está com a ideia de deixar a disputa mais atrativa. O formato ainda será estudado mais a fundo, mas a edição de 2016 pode ser a última no modelo atual.
Voltar ao modelo anterior, só com a disputa entre o campeão da Libertadores e o da Liga dos Campeões da Europa, é algo descartado, por ser um "tiro no pé" politicamente, porque desagradaria as outras quatro confederações continentais.



Diário Catarinense 

domingo, 28 de agosto de 2016

VERITÀ MODA TEM AS MELHORES MARCAS DE LINGERIES




Na Avenida Getúlio Vargas entre o Palácio dos Esportes e o antigo Hotel Soprana.




Telefone 3322 8535.

Miss Araranguá vence o concurso Miss Santa Catarina 2016

Miss Araranguá vence o concurso Miss Santa Catarina 2016 João Souza / Divulgação/Divulgação


Foto: João Souza / Divulgação / Divulgação


Mariana Guerra, Miss Araranguá, foi a grande vencedora do concurso de beleza Miss Santa Catarina. Ela foi escolhida entre outras 15 concorrentes durante uma cerimônia no Maria's Itajaí no sábado à noite. O título de vice ficou com a Miss Joaçaba, Thainara Latenik. No terceiro, quarto e quinto lugar ficaram as representantes de Itapema, Joinville e Blumenau, respectivamente. 



Diário Catarinense 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

RIO DE LAMA


“Rio de Janeiro você não me dá tempo de pensar, com tantas cores sob esse sol. Mas pra que pensar se eu tenho o que quero, tenho a nega e o meu bolero, a TV e o futebol”.
Minhas impressões de um Rio pré-Olimpíadas.
Três freadas bruscas seguidas na aterrissagem. Nunca tinha passado por tal situação. Impressionou, mas não botou medo. A pista do Santos Dumont deve ser mais curta que a maioria.
No saguão os berros do pessoal dos táxis em disputada busca por clientela, sobressaíam da turba que transitava pelos corredores. Eu preferi contratar o serviço em um balcão e procurei uma fila já na rua, onde me foi indicado o carro que me levaria ao hotel.
Não podia dar muita atenção ao motorista que falava mal do sistema UBER, porque precisava me localizar. Não ocorreram desvios e em pouco tempo, Ipanema, meu destino, já se avizinhava.
Na entrada do hotel um caminhão desentupia o encanamento de esgoto e o odor denunciava o desleixo do poder público e a pouca consideração para com os moradores e turistas.
Instalei-me e logo fui para o calçadão à beira-mar em meio a um tumulto de pessoas, vozes, idiomas e sotaques. Vendedores ambulantes, todos sem qualquer credencial da Prefeitura, abordavam os turistas oferecendo-lhes todo tipo de regalos chinfrins. Tinha até estrangeiro vendendo seu peixe.
Uma senhora tatuada que me estendia pulseiras, disse que “acá no está bien porque ai poca plata”. Se não está bom para vendedor ambulante de Ipanema, imagine-se o que passam os empresários que dão emprego, produzem riquezas e pagam pesados impostos.
A frota de automóveis é composta de carros comuns. Encontrei apenas uma SUV da Porsche e um automóvel da BMW, o resto só nacionais e populares. Deve ser a crise que abala a todos.
Os restaurantes que vi, todos tinham mesas vagas. O tal “Garota de Ipanema”, disputadíssimo, me recebeu meio que de nariz em pé. Não vou entrar em detalhes, mas não indico o botequim para quem gosta de educação e respeito.
Já sentado à mesa, olhei para o outro lado da rua e vi que o colega da Garota, “Vinicius de Moraes” estava com todas as mesas vagas. Levantei-me sob o olhar inquisidor do pequeno garçom e me fui até lá, onde fui muito bem recebido. Comida boa e preço bom.
Pagar para ser mal atendido deve ser masoquismo.
Em três dias ouvi somente um relato de furto de celular e passear pela calçada foi tranquilo. É evidente que há que ficar esperto nessas horas.
O policiamento nas ruas chamava atenção. Exército, Polícia Militar, Guardas Municipais e outros contratados faziam rondas a pé e motorizados. A sensação era de segurança e não me senti vulnerável em nenhum momento, apesar de ter sido alertado pelo pessoal da recepção do hotel sobre assaltos a mão armada.
A moça que me atendeu no café da manhã disse que nas favelas o turista podia entrar sozinho sem medo, porque os chefes do tráfico não queriam a polícia por lá e castigavam o malandro que roubasse alguém de fora da comunidade. Fiquei na planície mesmo. Pobreza se vê em qualquer rincão deste País e “Tropa de Elite” me deu um panorama do modus vivendi do morro.
Corcovado e Pão de Açúcar lotados de gente, a maioria brasileiros. Lá não vi policiamento e imaginei uma gangue ou um islamita fanático aprontando alguma. Grave falha do sistema de segurança pública.
Para ir do Cristo à Urca passamos por uma favela e a guia da Van que peguei impressionou a todos dizendo que se ouvíssemos um “ta-ta-ta” de algum transeunte, deveríamos nos abaixar de imediato porque estaríamos passando por um tiroteio. O romano Marco, à minha frente, arregalou os olhos. Sua obesidade era alvo fácil de alguma bala, perdida ou não. Achei desnecessário o alerta de voz firme e convincente. Nada aconteceu, mas chilenos e europeus que nos acompanhavam ficaram muito preocupados a ponto de uma família de santiaguenses abandonar o passeio na metade do trajeto.
As extensas filas para acesso aos mais famosos pontos turísticos ficavam a céu aberto e sobre chão lamacento. Africanos ou haitianos, faceiros, vendiam guarda-chuvas por vinte reais, o que protegeu a maioria da garoa que passou a cair.
O turismo no Rio de Janeiro, então, deixa a desejar em muitos aspectos, mas o que mais marcou foi a sujeira. Ruas emporcalhadas de todo tipo de dejeto, de canino a humano. Perguntei ao vendedor de coco em frente da catedral e da Petrobrás, a razão do mau cheiro e ele, indignado, disse que o pessoal evacua sob uns arbustos de um canteiro, apesar de existir banheiro a poucos metros de distância. Uma barbaridade. Os homens das cavernas agora são os homens das moitas urbanas, e os ditos civilizados jogam suas porcarias na famosa lagoa. A fedentina está por toda a parte. Da Baía da Guanabara não precisa falar porque todos sabemos que lá tem todo tipo de lixo, de sofá a garrafa pet, de estrume a óleo queimado. Uma podridão.
Para o estrangeiro que aqui aporta deve ser tudo muito exótico, como o zoológico que o Lulinha deixou de limpar faz anos. Devem querer ver como vive um povo comandado por corruptos e ladrões em meio a sujeira ambiental e política, ou estão interessados somente na beleza que a fotografia revela?
Como sediar Olimpíadas em pocilga? Que imagem levarão daqui os nossos visitantes?
A minha impressão não pode ser das melhores e o sentimento é de vergonha.
O Rio de Janeiro continua lindo só em cartão postal, mas “pra que mudar se tenho a nega, o bolero, a TV e o futebol?”

Renato Mauricio Basso
[10:56, 4/8/2016]

“Que mal lhe pergunte, é despeito ou você tem alguma coisa contra?”
Pelo modo meio incisivo de falar, pensei que fosse provocação, mas, logo em seguida, vi que era o jeitão do caboclo que o fazia agir daquela maneira. Maneira rude, mas sincera. Se podia dar crédito.
Sem desrespeitar expliquei o meu posicionamento e gostei quando ele entendeu a lógica, visualizou o conjunto e tirou suas próprias conclusões.
Sempre há de se ter resposta para eventuais argumentações e uma boa dose de didática, mas se o cidadão está antenado, ligado ao caso e ao quadro que se lhe expõe, o sucesso é garantido no se fazer entender e no entendimento.
Concentro-me na solução e não no problema, até por que, o problema era dele, não meu. A solução era fazê-lo ver que o seu caminho estava completamente errado, e ele, sem qualquer mapa ou GPS, dava com o burro no banhado. Saiu do lodo ligeirinho, só com um aviso. Percebeu o quadro todo e a fria em que estava se metendo. Caboclo esperto. Rude, mas esperto.
Na minha didática procuro desenhar o caso, mesmo para os mais letrados, não por subestima-los, mas para me sentir mais seguro no relato.
E tem aquele imbecil que atrapalha o resgate. Com sua teimosia e parca visão, tropeça até na mangueira do soro ao se deparar com ideia alheia. Não quer saber do aviso de perigo e atravessa o sinal vermelho a mil por hora. Suicida, talvez. Ou do estado satânico.
Nessa hora não tem didática que ajeite, nem mesmo pátria educadora. Quando não se quer entender, ou não se pode, a coisa é séria. Há que avaliar se vale a pena orientar o vivente, ou não.
Este foi rude ao perguntar se eu tinha alguma prova contra a Dilma. Rude e imbecil. E a minha resposta foi em uma única palavra “nada”. Não dá para gastar tempo com quem está no fundo da areia movediça. Tiro da lama antes os que podem ajudar no resgate dos mais próximos e menos atolados. Aos que estão só com a mão de fora, acenando, digo adeus.
O imbecil em questão é pré-candidato a vereador, PCdoB ou coisa que o valha, e defendia o PT com raiva e rancor, enfatizando o “golpe” em curso e as conquistas sociais dos últimos treze anos.
Já sabia, todo comunista é fanático, assim como aqueles fundamentalistas que se explodem em público, ignorantes que militam utopias. Quando percebi a qualidade do aprendiz de traquinagem, saí e deixei-o falando sozinho. O cara era rude e insipiente. Terá um ou dois votos, o seu próprio, se encontrar a tecla certa.
Nos meus diálogos quero saber como pensam os pré-candidatos que já estão em campanha e conversarei com alguns. Na semana que vem desenharei um quadro para uma senhora com boas intenções e verei qual é a lente dos seus óculos. Se enxergar bem tem o meu voto.


Renato Mauricio Basso 
Juiz aposentado

quarta-feira, 20 de julho de 2016

CAMINHADA PERIGOSA

20 07 2016


Curso superior, com um bom dinheiro no bolso e no ápice da pirâmide social em sua pequena cidade. A patroa, sempre na coluna do humilde jornal local, também com terceiro grau completo e com a arrogância de quem pensa em ficar em pé.
O fino casal de brasileiros que conheci durante a viagem, meus vizinhos de Estado, se deliciavam com o raro sol do outono, na ampla escadaria da catedral e se fartavam de bananas e tangerinas. O primeiro arremesso nada certeiro foi dele. Errou uma pequena lixeira que estava a uns dez passos e lá deixou a casca de uma banana, no passeio, sem se preocupar com o perigo que ela representava, nem mesmo com a poluição. Deveriam ter noção do convívio em comunidade, mas estavam mais preocupados em registrar sua presença “nas Europa” para mostrar aos amigos e inimigos da sua cidade natal. E registraram! Não só em fotos.
De forma mansa e alcançando-lhes uma sacola plástica que sempre tenho em minha mochila, lhes disse que o povo europeu não estava acostumado com aquela cena e que seria bom se recolhessem a casca de banana para ninguém nela resvalar e as cascas de tangerina que já estavam meio que espalhadas pelos degraus.
Sua reação não me causou espanto, não precisa dizer por quê. Argumentaram com sorriso de canto de boca, que naquele País rico deveria ao menos ter uns garis para recolher o lixo de quem lá deixava seu suado dinheirinho...
A casca de banana eu recolhi e a deixei dentro da sacolinha junto deles.
Lembrei hoje, domingo de sol pleno, do distinto casal, quando fui caminhar pela Estrada da Rainha. É que na descida rumo a Praia Brava quase fui alvo de uma garrafa de cerveja vazia jogada de um carro em movimento. Dez da manhã e já havia bêbado mal-educado enchendo a paciência do freguês por aquelas bandas.
Não me incomodei pelo fato de quase ser atingido e tomei uma atitude ainda no campo de visão do desleixado. O radar fixo da rodovia o fez diminuir a marcha e ele pode me ver juntando o seu lixo. Seu retrovisor externo denunciava sua curiosidade enquanto eu já alcançava a lixeira para depositar a garrafa. Em outro carro que passava, também percebi um sorriso maroto do motorista ao flagrar-me juntando lixo no passeio da bela rodovia.
Qual o tipo de sanção para um relaxado desse tipo? Na Europa é multa pecuniária, na certa. Aqui no Brasil, nada. A impunidade está nas mais corriqueiras atitudes e se estende aos corruptos engravatados. Questão de cultura, de educação. O engraçado é que ficam gozando da cara de quem quer mudança. O porcalhão na risadinha e o da gravata no desdém ao povo, ao Judiciário, a tudo. Não me aborreço. Faço a minha parte.
E para terminar o passeio, fui atropelado por uma bicicleta conduzida a mil por hora por uma senhora sessentona. Nada grave. Mas, ela invadiu a pista de uso comum dos pedestres e dos ciclistas repentinamente, sem qualquer sinal de alerta e sem usar o freio. O pneu bateu-me numa das pernas e está tudo bem. Só que, quase apanhei da mulher ao pedir que ela tivesse mais cuidado com quem caminha.
Como o povo brasileiro só aprende na base do castigo, necessário se faz criar leis com multas pesadas para quem joga lixo por aí e regulamentação de trânsito para bicicletas com obrigação do uso de alertas sonoros, aqueles presos ao guidão. No mais, propaganda frequente em rádio e televisão ensinando o povo normas de cidadania e boa convivência.
Alguns corruptos estão se vendo com Moro...
Como será que aquele casalzinho andaria de bicicletas em meio a pedestres...?

 

Renato Mauricio Basso

Juiz aposentado

domingo, 10 de julho de 2016

GRATIDÃO COMO PRESENTE

09 07 2016


Hoje o meu velho pai faria 107 anos de idade. Dispenso o complemento “se vivo fosse” por razões óbvias.
Mas ontem, antecipadamente, dei a ele o meu presente mais caro, a lembrança da sua presença na minha vida. A coisa foi mais ou menos assim, peguei uma tesoura de poda e fiz uma arrumação geral num pé de acerola no pátio de um amigo.
Ao comprimir os cabos da cortadeira manual lembrava de como meu pai e o pai dele me ensinaram na lida da poda de parreiras, figueiras e demais árvores frutíferas que possuíamos em nosso “latifúndio” urbano.
É uma questão de domesticação, ou educação, como queiram. Bati com a cara no muro muitas vezes e o velho sempre esteve ao meu lado para me dar o rumo certo.
A domesticação da planta requer conhecimento, técnicas de direcionamento, de adubação, de seleção de sementes. Os antigos aprenderam domesticar o trigo, o arroz, as árvores e os animais em seu favor, para que houvesse maior segurança, longevidade, tudo em equilíbrio com o todo, para que se tenha maior produtividade, progresso, fartura, só coisa boa.
Os nossos ancestrais aprenderam que educar o rebento para um caminho sem muita complicação, sem muito cascalho, nos trilhos da honestidade, em busca sempre do bom dever cumprido, é o rumo da felicidade.
Obrigado seu Otero e nono Ricardo. Valeram seus esforços! Tenho certeza que hoje estão satisfeitos aí no outro nível, ao ver sua família unida e batalhando ao lado dos bem intencionados. Mostro aos meus filhos e neta o mesmo caminho.
E a ramada que o pé de acerola construiu ao longo de alguns anos sem direcionamento, eu fui desbastando devagar e atento. O tronco está saudável, e forte galhada impulsiona a árvore para cima, em busca de luz. Vale a pena cuidar, dar atenção. Cortem-se os galhos mortos, os doentes e os mirrados, para que a planta possa usar toda sua seiva, seu vigor, na concepção de bons frutos e boas sementes. A poda é essencial para se ter uma boa árvore com boa produção, e é um trabalho dignificante, construtivo.
Rapaz, deixei a planta enxuta! Só galhos bons, com boa luminosidade e sem aquela trama toda de galhos podres, de peso morto, a prejudicar seu crescimento.
Quero que minha produção tenha vida plena e que dê bons frutos.
Quero atravessar a fronteira da vida sem pedras de rancores e omissões na minha mochila. Dinheiro e patrimônio não dá para levar junto, mas quem sabe um excelente filme na memória? Não custa tentar.
Feliz aniversário, meu velho! Obrigado pelos ensinamentos e pelas podadas que me deu!

 

Renato Mauricio Basso
Juiz aposentado

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A ARTE, O ARTISTA E O ARTEIRO

08 07 2016

 
E o que é a arte senão a proximidade com a perfeição? Você vê o sorriso da Monalisa e nota que Da Vinci foi um gênio ao concebê-la, um verdadeiro artista. De outra banda, vê o sorriso maroto da Dilma e nota que Lula foi um jumento ao fazê-la sucessora, um arteiro de marca maior.
Mas dizem que a política é a arte do relacionamento humano e eu tenho que discordar. Se isso que está acontecendo por aí é arte, então eu digo que tem muito arteiro merecendo ser emoldurado e rotulado como obra prima do cambalacho nesse lupanar coaxante.
Não seria bonito o companheiro poder vislumbrar o contexto e propor umas medidas certeiras para o bem da comunidade, da sociedade como um todo em suas teias de convívio, de subsistência e de progresso? Mas a velha história do “o que vai sobrar pra mim?” é mais conveniente no momento para o partido e para o legislador. A lenda de que todo mundo tem um preço é o limite da honestidade. A partir da fixação do valor, tudo vale. Isso, meus amigos, tem um nome bem conhecido: prostituição! Nada mais, nada menos, e até parece que nasce com o indivíduo, instinto puro, de sobrevivência, talvez.
Ninguém está preocupado em alertar o contribuinte desse emaranhado de intrigas e corrupção, até pelo fato de não se querer dividir o espólio do saque com muita gente. Educação zero! Não sobraria muito para cada um e o esforço da lida criminosa não seria bem recompensado.
É a filosofia da volúpia que penetra na carne do infeliz e o torna dela dependente. Um vício como o furto e o alcoolismo, uma fraqueza humana. Para esse tipo de gente poder-se-ia dizer que coçar e roubar é só começar. Os canalhas só veem o próprio umbigo, envoltos que estão pela fumaça da criminalidade. A arte da boa convivência humana? Não sabem o que é isso e nem querem saber.
Enquanto não se ensinar aos jovens conceitos fortes de ética e princípios básicos de relacionamento humano, não teremos bons cidadãos nos postos de comando do país. Uma lei ordinária que exigisse cursos práticos e teóricos para habilitação a qualquer candidatura a cargo político, poderia amenizar os problemas atuais com corrupção, moldando o candidato para agir com maior lisura possível na legislatura e na administração pública.
Como Juiz Eleitoral fui duramente criticado quando exigi prova de alfabetização para deferimento de pedido de inscrição de candidaturas de vereadores e prefeitos. Em segunda Instância ficou decidido que se alguns analfabetos podem votar, podem ser votados. Ora, um cidadão que “nasceu analfabeto” e assim continuou vida afora, nunca poderá apresentar um projeto de lei, a não ser através de cara assessoria, e se tiver alguma tendência ao ilícito, então, logo entrará para o clube da traquinagem nos meandros dos plenários.
Como os nossos congressistas jamais legislarão aceitando dificuldades eleitorais, se faz necessário uma proposta popular para mudar essa palhaçada de voto de analfabeto e de diplomação de safados sem compromissos com o povo e a democracia.
Um bom projeto poderia prever, não somente bons antecedentes dos candidatos, como já é prática legal, mas, ainda, uma prova de sanidade mental e moral, a exemplo do que é exigido dos candidatos a cargos como Juiz de Direito e Promotor de Justiça. É o mínimo que se pode fazer no momento para moralizar e capacitar legislativo e executivo. Um exame psicológico pode identificar tendências imorais do político, assim como identifica se o candidato a magistrado tem, ou não, o perfil moral necessário para o bom desempenho da função. Cursos práticos de elaboração de leis, darão maior autonomia e independência ao legislador.
É a única saída de emergência que vejo nesse incêndio de paixões.  
No mais, a longo prazo, a esperança está nas novas gerações que deverão ser educadas para tomar as rédeas da nação. Devagar, de um em um os ladinos estão indo se ver com Lúcifer e novos espaços irão se abrindo para espíritos mais evoluídos. Tenho esperança que mentes melhor iluminadas farão a diferença em breve e que o convívio humano se tornará realmente uma arte, próximo da perfeição, com menor número de bandidos possível.


Renato Mauricio Basso
Juiz aposentado

terça-feira, 5 de julho de 2016

PELAS CALÇADAS DA LAMA

05.07.2016
 

Pensa-se assim ou assado por algum motivo nem sempre aparente. Pode-se querer dizer uma coisa e o cidadão entender outra bem diferente. E não é falta de didática, é falta de capacidade de discernimento mesmo. O camarada não consegue se encontrar dentro da sua própria mente e se confunde com a massa, se funde a ela. É um rolo desgraçado, embolado, coisa indivisível que leva o contribuinte praticar certos atos nada educados.
Um exemplo de má conduta é levar o cachorrinho Lulú-Lalá para fazer suas necessidades fisiológicas na calçada. É nojento. Mas todo mundo faz isso, não é mesmo? É uma maneira de pensar, melhor dizendo, não pensar, todos juntos, absortos, desdenhando a observação alheia. Um pensamento de massa, de povo, no caso muito mal educado que precisa de corretivo.
Como o povo só aprende na base da lei, não do senso de comunidade, de fraternidade, necessário regulamentar a convivência com o cachorro amigo para que o amigo cachorro não encha as ranhuras no seu tênis de esterco.
Legislam-se vários assuntos, teve aquele vereador forçando a barra, nervoso, queria que o município pagasse cesta básica de alfafa para os equinos que puxavam carroças pelas ruas. Penso que ele nunca pisou em excremento canino nas suas andanças à caça de votos. Equino, talvez, aquele verdinho, por isso estava mais preocupado em beneficiar os cavalos.
Mas quem sabe, se possa fazer um projeto de lei bastante abrangente, que obrigue os donos de animais domésticos fazer o registro do seu amigo junto às secretarias de saúde pública, tudo completo, desde data de nascimento, se tem ou não pedigree, controle de vacinas, coleira de identificação com endereço e telefone do dono e, o que é muito importante, certificado de adestramento básico que teria como principal objetivo educar o bicho para não atacar estranhos sem ordem e defecar somente em locais apropriados, montados especificamente pela administração municipal.
Com isso viriam mais postos de trabalho e de serviços.
Custos? Não são de grande monta. Uma sala de cadastramento e alguns canteiros pela cidade que seriam higienizados pelos próprios garis. Dinheiro? A lei preveria pagamento de taxa de inscrição e renovação de licenciamento de conformidade com as despesas para manter a regularidade do serviço.
Evidente que seriam previstas penas para quem não mantivesse em dia as vacinações básicas e deixasse o seu melhor amigo defecar em locais proibidos. A fiscalização seria feita pela Guarda Municipal.
Mais um imposto? O eleitor irá gostar? O tempo é de crise? Sem problemas, pode o distinto legislador mandar seus assessores passar uma lista de adesão à causa e em poucos dias terá um número suficiente de assinaturas para desculpar-se perante seus eleitores pela apresentação do projeto.
Transitaríamos por nossas cidades olhando para frente e não para o chão, sem cuidar para não pisar em imundície. Entraríamos tranquilos em restaurantes, shoppings, cinemas e residências sem a preocupação de estarmos emporcalhados pela desídia do amigo cachorro.
Esse negócio de saquinho plástico para coleta manual não é solução em caso de diarreia e material pastoso. Aliás, nem todos fazem uso de tal recurso e somente na base da obrigação é que certas pessoas conseguem discernir, ter uma visão de bom convívio em sociedade. Geração atual, então, educada na base da lei. Gerações futuras educadas através da informação de massa.
Poder-se-ia prever na lei, ainda, um percentual da receita para a propaganda obrigatória, que iria educar as crianças a respeitar seus semelhantes. Não tem dinheiro suficiente para pagar espaços em rádio e televisão? Que se tire do que é destinado à propaganda do governo, que nada soma, a não ser promoção pessoal.
Um comunista assoprou dizendo que para resolver o problema do cocô na rua, deveriam, o ramo calçadista oferecer a preço popular solas sem ranhuras e os exploradores donos de restaurantes manter tapetes com detergente perfumado em suas portas de entrada.
Pensa-se assim ou assado por algum motivo.
 


Renato Mauricio Basso
Juiz substituto

MEA CULPA

05 07 2016 
 
 
Tem pensamento que se não cuidar vira obsessão. O da culpa, por exemplo, muito bem explorado pelas crenças e fés, contribui para um montão de devaneios. O peão fica tonto, embriagado e a culpa acaba atingindo o seu ápice, o seu cúmulo, que nada mais é do que o vivente se culpar por ser feliz, por ser saudável, ter boa posição social, conforto, família sólida, bons amigos e mente aberta para a existência.
Paranoia braba. E então, é aquela estória do “dá cá que eu ajeito a tua vida”. Muitos vão se exorcizar em rituais mirabolantes, outros tantos são levados na conversa por qualquer otário e alguns, sei lá se é pior, se embriagam de cachaça, de folia, de Prozac e terapias.
O ponto de equilíbrio social não é fácil de ser calibrado, mas o que se está vendo por aí é o caos. Valores e princípios estão sendo reformados pela mídia endiabrada e o gado não sabe que anda a passos largos pelo brete do matadouro. E o que você acha que sabe sobre humanidade, sobre a sua condição de cidadão contribuinte do velho sistema fiscal? Quem diz a você com quantos paus se faz uma canoa, o que vai vestir, ler, comer? É melhor ser cristão ou muçulmano?
Maomé, nos anos seiscentos depois do profeta Jesus, ditou o Alcorão, misto de cartilha religiosa com legislação civil e penal. Infiéis que somos nessa nova cruzada, estamos muito devassos, aceitando uns desvios nada aconselháveis. Temos de nos render à nossa culpa pelo declínio da moral e necessitamos de conversão imediata. Precisamos orar pelo menos umas quatro vezes ao dia e passar por autoflagelos sangrentos, quem sabe até cometer suicídio e morte de alguns para lavar a alma, a loucura.
Tudo por Alá, Jeová e sei mais o que lá.
Se não temos condições de legislar de modo a distribuir igualdades de direitos, de direitos adquiridos pela sabedoria, pelo sacrifício, o negócio é largar tudo na mão da teocracia mesmo e ver a encrenca que dá. Legislar em causa própria é muito bom e o Congresso sabe muito bem disso. Cuidado senhoras e senhores deputados e senadores que o estado islâmico está vindo aí! Época de olimpíada é bom porque dá um ibope desgraçado e não vai ter lei para aflorar o sentimento de culpa dos camicases. Estão largando ladrão a rodo, evitando prisão de corruptos, penalizando atos de autoridades e rindo da nossa cara. Deu! O negócio é Lei de Talião, na base do dente por dente e olho por olho. Roubou, corta a mão do vagabundo, mesmo que não tenha todos os dedos para pagar os pecados. Olha a condenação de um ministro chinês hoje por corrupção: PRISÃO PERPÉTUA seu doutor!
Veja se é muito comum passar a mão no dinheiro do povo, ou do governo, por aqueles lados. Bobeou, o relho pega direitinho. É cana braba sem celular, visita íntima e salário.
Por aqui não. Os nossos lacaios congressistas estão metendo a mão na algibeira do povo sem dó nem piedade, e sem sentimento de culpa. Estão carecendo de um corretivo à altura de sua volúpia, de algo aterrorizante, de um atentadozinho nos pilares da sua sede pelo poder e pelo metal.
Na política brasileira, o que ainda está de pé, trama pelos porões palacianos para ficar em paz com a mídia, inclusive no porão do STF, e para dar seguimento a planos ditados sabe-se lá por quem. Seria pelos hebreus ou pelos maometanos?
Os primeiros são mais hábeis na prestidigitação divina, os últimos mais convincentes nas atitudes e tanto um quanto outro se valem muito bem da culpa para subjugar o fiel. Se você pensar por você mesmo, botar a cabeça fora dessa neblina, comer do fruto proibido, irá padecer no paraíso, entulhado de culpas, inclusive aquela por ser feliz.
Boa jogada. Sinta-se culpado por ser rico e deposita um pouco na conta dos pobres, do Cunha, senão a culpa te corrói.

 
Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

segunda-feira, 20 de junho de 2016

GPS MANCO

 
 
21 06 2016


Não entendo de navegação, nem mesmo da urbana, mas penso que Chapecó já não comporta uma política de trânsito como a atual.
O escoamento de veículos nas suas principais artérias está se tornando um caos em horários de pico. Suas inúmeras rótulas não conseguem levar ordem ao fluxo, mormente porque todas recebem veículos de quatro lados ao mesmo tempo e os semáforos não tem comando inteligente. Já se faz necessário, ainda, sentidos únicos para certas avenidas.
Poderia ser alinhavada uma proposta para um estudo prévio. Bons profissionais concursados para o fim específico, concorreriam entre si para apresentação do melhor projeto de escoamento do trânsito na nossa cidade.
Pelo que se tem observado, nos horários de pico a bagunça é geral. Excesso de velocidade, amontoamentos de veículos em rótulas e sinais luminosos, xingamentos, brigas, danos morais e materiais, gestos obscenos e homicídios. Quem chega antes na rótula tem preferência, mas se sua velocidade é alta, o acidente é inevitável.
Quanto se gasta com energia, combustível, veículos, unidades de pronto atendimento, pessoal, medicamentos e internamentos, a cada motociclista com ossos quebrados? Vale a pena investir em estudos, mudanças e modernizações. Arrecadação tem para isso. A própria taxa de inscrição no concurso de melhor projeto urbano de modernização e logística, já pagaria os custos com a licitação. Temos bons urbanistas e serão muitos os inscritos que tentarão ficar para a história da cidade, sem falar dos méritos que terão o autor do projeto de lei que autorizará a obra e seu executor.
A princípio não seria muito dispendiosa a tarefa de mudar cursos de vias, racionalizar o uso de rótulas e sinais luminosos. Sentidos únicos em ruas como Nereu Ramos e Fernando Machado são urgentes. Curitiba adota o sistema de vias com único sentido, aproveitando canteiros centrais e árvores. Aqui podemos conciliar a utilização do mesmo sistema de iluminação e distribuição de energia, sem precisar remover postes ou canteiros e gastar com infraestrutura.
Urge, também, uma campanha de conscientização, por todos os meios de divulgação possíveis, que ressalte o respeito às leis e algumas explicações mais sobre cordialidade e deferências, de como deve-se portar ao se aproximar de uma rótula, quem tem preferência de passagem, ou o tratamento que se deve usar entre os motoristas.
A cordialidade, por sua vez, é inimiga da impulsão, evita acidentes, gastos públicos e produz convivência pacífica.
O projeto poderia ter até aquele slogan surrado do “Trânsito Com Respeito”, alertando os motoristas de fora, ainda quando os saúda com boas vindas, da necessidade de manter-se cordial ao dirigir por ruas e avenidas de Chapecó.
Cidade boa para morar, criar os filhos e ganhar honestamente, pode ser vista no cenário estadual não somente como força de ordem e trabalho, mas também como terra de gente educada e ordeira.
É fácil!

 

Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

terça-feira, 14 de junho de 2016

ETERNA VIGILÂNCIA

14 06 
 
 
Se tiveres visão turva, procuras o oftalmologista logo! Podes te perder pelo caminho, cair fora da estrada e ter de procurar teus semelhantes em outras paragens (forma educada de mandar procurar sua turma), dizia eu alguns anos atrás, ao me defrontar com certas contradições.
Com o vizinho de porta não é bom brigar, tem de ser na base do diálogo, mesmo que fosse ele um chato de galocha. Seria estresse quase todos os dias em todas as semanas do mês, e eu tenho outros assuntos a tratar.
Mas do meu caminho sei eu, tenho meus projetos e gosto de boas aventuras... tive o meu tempo de marchar de acordo com a batida do tambor, à la Ben-Hur nas galés, hoje me vejo liberto e danço conforme o ritmo que gosto, seja na batida do samba ou do limão. Sigo o lema da liberdade com responsabilidade. Questão de princípio.
Porém, o doutor anda muito nervoso. Tendo penado duro para conseguir um bom patrimônio, põe a mão no trinta, porque está com medo que todos os vermelhos procurem a turma deles, se unam e invadam sua fazenda. Se vier na minha, de cento e poucos metros quadrados, rechaço educadamente, no relho.
Também não quero esse tipo de vizinho.
Dizia ele que o Exército não iria aceitar invasões e ocuparia as ruas para restaurar a ordem, na porrada. Claro que tal possibilidade está prevista na Constituição Federal, mas, inicialmente, a mando de um civil, no caso, o Presidente Interino.
Não vejo cenário para um golpe militar nessa altura do campeonato entre vermelhos e verdes/amarelos, pode embainhar a adaga meu amigo. Nós patriotas somos muitos e iremos antes do Exército, em todas as cidades, reclamar por democracia e dizer “Fora” aos comunistas. Não será necessário derramar uma gota de sangue, nem lágrimas, tenho esperança.
O perigo iminente seria o exército na mão de um civil, mas Temer não tem pinta de Chavez ou de Getúlio. Não é populista e nem tão popular para manter um projeto totalitário. Está tentando colocar o trem nos trilhos e disse que não quer se candidatar em 2018. Veremos muita coisa até lá.
Então, ditatura, a meu ver, sem possibilidade, seja de direita ou de esquerda, seja de soldados ou de guerrilheiros.
Na nossa turma temos propósito de tentar conviver com o vizinho, mesmo que ele não saiba da dimensão dos problemas da má vizinhança e a esperança, mais uma vez, é que com o tempo ele aprenda.
Saberemos nos posicionar e somos bons na peleja da vida. Vamos deixar os comunistas procurar a turma deles, certos de que a liberdade depende da eterna vigilância. Jefferson dizia que “o poder está sempre roubando dos muitos para os poucos, o que exige precaução”.

 
Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

quinta-feira, 2 de junho de 2016

BATERIA DO TEMPO

 
02 06 2016 


Troquei agora a bateria do meu computador, aquela que alimenta o calendário e o horário. No início do acerto me deparo com o dia 16/06/2007, 15 horas, e fui em busca do 02/06/2016, às 15h10m. O ajuste começou meio lento, mas lá pelo meio a areia se esvaiu da minha ampulheta e ultrapassei o destino. Não que eu tenha dormido no ponto, mas me permiti ir um pouco adiante porque vivo meio fora do meu tempo mesmo. Em questão de segundo, viajei uns vinte anos entre passado e futuro. Velocidade da luz, mais ou menos, entre ida e volta, não calculei. A vida é curta, me dei esta certeza no momento, e preciso aproveitá-la ao máximo.

Quando vinha da loja de informática, no trote, encontrei um vivente mal encarado que ficou me olhando de um modo ameaçador. Não me oferecia perigo porque havia mais pessoas na rua, então segui em frente pensando no caso. Ligo a TV e vejo sangue escorrer pela tela, o caos social que se vislumbra também na falta de educação, de saúde, de saneamento básico. Não é para menos que os programas policiais tem boa audiência. E tudo isso é perfeitamente programado, não se tem dúvida. A quem interessa o caos?

A sociedade espera pelo messias e ele vem na forma de um anfíbio anuro com barbas brancas que coaxa a canção da perfídia. Está todo mundo com medo do vizinho, vivendo a fobia da incerteza. Será o Temer a salvar a nação? No momento é a nossa única esperança.
Bueno, já acertei a data presente e essa é a realidade. A TV agora me mostra a briga no Senado em volta do impedimento da presidente afastada.
O senador João Capiberibe disse no plenário que no Brasil meia dúzia de pessoas mandam e que alguns senadores as vezes tem crises de inutilidade dentro do Congresso, e a senadora Gleisi afirma que a ampla defesa de Dilma requer uma auditoria internacional nas contas públicas brasileiras. Não vou misturar as coisas, mas os protocolos do Cemitério de Praga de Umberto Eco dão razão a Capiberibe. Quanto à senadora comunista, acho que precisa aprender um pouco sobre Direito Internacional Público antes de falar uma besteira dessas. Que não vem querer indicar uma comissão bolivariana para mexericar o TCU. Só falta o “passado de maduro” dizer que a “cumpanhera” está mais do que certa ao assaltar os cofres públicos. Menos, senhora comunista de ocasião!

O Cardozo, já sem a empáfia de ministro, argumenta hoje que estão tentando cercear a defesa da Dilma e quer a juntada das gravações da voz de Jucá sobre o “golpe”. Matéria nova, diz ele sem gaguejar, que é muito importante para provar a inocência da sua cliente. Sua fala não tem o brilho da espada da Justiça e seu desânimo salta aos olhos. O homem é bom na oratória, mas não tem conversa que convença a nação da inocência da ré e empurrar com a barriga o processo para que alcance cento e oitenta dias sem julgamento, é estratégia que não vai dar certo. Já pensou a Dilma de volta à presidência com o processo de impedimento não encerrado?

Quando voltava dos onze anos à frente, tirei o dedo do cursor ali por setembro do corrente e não vi a Dilma no poder, nem o Lula lá. O “exército” do Stédile estava sem suprimento de mortadela e os comunistas desesperados. Bela visão.
Ia esquecendo. Vi de relance o diabo fazendo a panela mas não a tampa, senhor Cunha! Aprendi o ditado na minha igreja. Na sua, ou não é ditado corrente, ou você é muito cara de pau mesmo. Fico com a última das hipóteses, porque a sua cara não esconde safadeza. Só de olhar se vê que você mentia ao afirmar com veemência que não tem conta na Suíça. No pôquer você deve ser um desastre! Seu jogo é nas máquinas! Na máquina política, nos covis, nos porões dos templos sagrados; nos cochichos e nas surdinas dos gabinetes; nos palácios e nos púlpitos. Não tem volta para você também, se não quer analisar, espera para ver, paga para ver.
Futuro vislumbrante... Acho que amanhã vou tirar a bateria do meu computador para uma limpeza geral...


Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

terça-feira, 31 de maio de 2016

O MEU PARTIDÃO

31 05 2016


Em certas horas é cada um por si e Deus por todos. Há que se dar conta, “num repente”, do problema, do tamanho e do perigo dele, bem como da tua defesa, da boa logística e da eficiência. Não tem jeito!

Há horas que você tem que deixar o compadre para trás e ir com a espada em riste contra o coração do dragão. Fraternidade? Tens que obedecer à lei Universal da Sobrevivência, meu irmão, sem ela não nos perpetuamos no Universo, porque o mal nos destruirá! Coisa profética...

Aonde você quer chegar? Já sabes quem tu és? Qual o teu papel nesta Matrix?
Coisas vãs, coisas fúteis? Te acordas vivente! Vais te dar com a cara no muro!

Então é assim, reclamam que todos trazem só problemas, ninguém a solução, e eu vou te dizer que, em certa feita, o instrutor me disse que tem de fugir dos problemas, como se foge do diabo. E eu entendi o recado. Estou te enchendo a paciência com a minha opinião? Apresenta a contradita e depois te falo! Te posicionas!

É que a ideia deve ser apresentada por questão de fraternidade e eu estou tentando fazer uso de uns dez por cento de minha cabeça animal, para dizer que precisamos de outros focos; temos de resolver os problemas que estão aí, não fugir deles, porque é um caso de vida ou de morte. Aqui a tua regra abre uma exceção, meu amigo! É aquilo que eu te dizia, está na hora de se dar conta de que o mal está vencendo e não podemos fugir.
Não adianta reclamar. O capeta faz parte da existência justamente para que nos aprimoremos através do mal como parâmetro para o bem. Não tenho medo de ser espetado pelo chifrudo rabugento. Quando ele vem, dou-lhe de relho sem pestanejar. E é no ato, porque essa é a hora do salve-se quem puder, de se entrincheirar e de até deixar o compadre para trás. É o instinto. Se você deixar o mal à vontade, ele lhe dá um teatro de horrores em que você é a vítima, e isso pela eternidade. E dizem que o tal Éden tem lenha à vontade para o fogo eterno...

Quando é que esse mal infame irá nos deixar em paz, ô da Luz? Está muito longe a água da fonte? Meu exílio já passou dos quarenta e agora mereço um pouco de paz! Mas não é bem assim, não é? O mal vai estar sempre ao meu lado, hei de estar atento.

Mas a lapidação começa nos nossos filhos. Moldamos neles uma nova humanidade, com mais visão e mais consciência. Lembra do diabinho vermelho e do anjo à volta do Donald Trump em momentos de indecisão, naquele desenho? Nunca escute o chifrudo, cidadão, porque é caixão na certa e você vai sapecar a sambiquira pra sempre, se entrar na conversa dele.

Vejam o problemão que o Brasil está enfrentando, ou seja, o que nós estamos enfrentando, em equipe enfraquecida, com número inferior e com maioria embevecida por utopias! Está mais do que na hora de virarmos o foco para a realidade social em que vivemos. Aonde o mal está mais exposto? Na corrupção? Então precisamos mudar a mentalidade dos nossos legisladores para que passem a vê-la como uma doença que deve ser imediatamente extirpada, do contrário, haverá choro e ranger de dentes.

Penas maiores, mais firmes, mais rígidas para os crimes de corrupção e menos mordomias para os políticos. Esse é o caminho! Lembrei de um guri que em audiência, mandou o Juiz catar coquinho na descida e saiu rindo da cara dele, certo de que não haveria castigo...

Precisamos de maioria numérica no Congresso, de políticos educados e ordeiros, com senso de bem comum, de igualdade e fraternidade. O partidão seria o “Partido da Meritocracia – PDM”, não confunda com “partido do democrático movimento”. Já pensou nós no poder? Será livre quem obedece às leis; terá conforto quem se esforçar; ensinamentos à vontade para quem quiser aprender a pensar maior; preguiça de lado e foco na mente, eis alguns de seus propósitos.

Nossos políticos teriam de passar por um curso preparatório de português, legislação, moral e cívica, e administração pública, dentre outras matérias. Seriam sabatinados publicamente como qualquer outro candidato a cargo público, por bons professores e profissionais das mais diversas áreas. A final, um bom exame psicotécnico, porque tem uns loucos infernizando a vida por aí...

Mas isso só através do voto, não é verdade? Sim e evidente que sim, mas do voto consciente. Cada voto com seu mérito...

Pensa como seria se o Temer e seus próximos fossem do meu PDM... É, mas a maioria dos votos vem com os conchavos políticos... E se todos “conchavassem” para acabar com essa porcaria toda? A Lei de Evolução assim nos cobra...!

Ainda bem que o estado islâmico não chegou ao Planalto Central. Até acho que não daria certo para eles. A criminalidade por aqui não é de se ajoelhar muito, nem sobre tapete persa.
O diabo está a solta meus amigos e cada um com os seus. Os meus estão quietinhos, por enquanto, não posso vacilar.
Mudanças já!
 

Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

sábado, 21 de maio de 2016

MÃOS À OBRA 

 

21 05 2016


Contra certos pensamentos não dá para ser muito democrático, meus amigos do PMDB!

Ficar no centro do tiroteio nunca foi o meu ato heroico e em cima do muro não me equilibro muito bem, acho que é labirintite. No caso do tiroteio me entrincheiro e mando bala por cima porque não quero ser alvo de malandro.

Mas, como sendo o maior partido do país, que tem umas cabeças pensantes, está mais do que na hora de acabar com conchavos de alcovas, pular para o lado e lutar, de peito aberto, contra a corrupção que nos assola.

Os democratas (?) estão mais uma vez no poder!!!

Este é o momento histórico para esse Partido, muito mais importante do que seu protagonismo nas Diretas Já. Pena que a maioria nem sabe disso, ou nem quer saber, ficam beliscando a carne feito um bando de urubus. São tão ignorantes que não entendem o que é ser patriota e querer o bem-estar de todos, conseguem apenas ver na sua frente poder, cargos e salários. Verifica aí na sua Prefeitura Municipal, no Estado, e depois me diz como a maioria dos peemedebistas age por lá! Não descem do poleiro e não querem largar a teta. Até parece coisa de socialista... Sei lá o que é ser socialista na verdade, senhor Aécio Neves, e nem sei o que seria “movimento democrático brasileiro”.

Bem que poderíamos reduzir o número de partidos políticos, não é mesmo, senhores congressistas? Não é só para evitar ignorantes sem causa própria, mas, também, porque uma economia nesse sentido seria muito bem vinda no momento. Vai lá PMDB e propõe um trato com os socialistas! É, isso mesmo, aqueles cujos partidos tem um “S” na sigla! Espera aí, vou grafar para você. Será que tem acordo? Quanto leva? (...)

Vou repetir, porque há vezes em que parece que não me faço entender direito. Alô peemedebistas! O quê? Eu falei “peemedebistas”, não “peemedebestas”! e olha que meu sotaque é forte. Alô pessoal, vamos ler um pouco sobre moral e cívica e pôr em prática os bons ensinamentos. Olá senhor pastor! Do seu púlpito professe Pátria, Liberdade, fraternidade e igualdade pelo mérito, Deus ajuda, tenho certeza. Professores, clubes de serviço, Maçonaria, juntos, todos pela reconstrução do País, pela ordem e pelo progresso!

Converse com seu filho e mostre-lhe que só com sacrifício, muito trabalho, organização, seriedade, é que a sociedade pode se manter viva. Lutemos para indicação de nomes confiáveis para as próximas eleições e para que sejam eleitos. Durante seus mandatos iremos cobrar retidão, transparência e boa aplicação dos impostos.

Este é o único caminho para nos livrarmos de parasitas oportunistas e construirmos um Brasil melhor, todos sabemos e os bons peemedebistas também. Deixem de picuinhas!

Ao trabalho!


Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

sexta-feira, 20 de maio de 2016

 POR QUE NÃO FALAR DO AMOR

 

20 05 2016 



Isso para mim ainda é um grande mistério. Os latinos definiram este sentimento como predisposição de alguém a desejar o bem de outrem ou de alguma coisa, o tal “amore”. Por esta ótica penso que amo desde os primeiros lampejos da minha existência. Sou do bem.

Não é bonito ver a harmonia a sua volta, na sua família, seu trabalho, seu clube, sua comunidade? Não lhe causa uma prazerosa sensação de segurança, bem-estar, felicidade? Não seria esse o chamado “paraíso terrestre” do gênesis?

Esse Adão foi um tremendo babaca. Onde já se viu querer se meter com o mal, fazer conchavos com o capeta Lucifér, trair o todo-poderoso, tudo pra nos botar nessa fria desgraçada? Estamos aí numa encrenca geral, perdidos que nem cachorro caído de caminhão de mudança, abobalhados, matreiros, desconfiados, traíras, emanados de toda sorte, crentes fanáticos, hipócritas covardes, irresponsáveis e loucos, todos com um pouco de toda essa mixórdia.
Como diziam os sioux, dos dois lobos que tem dentro de você, em eterna luta, vence aquele que você mais alimenta. O bem e o mal está dentro de cada um de nós, coisa lá do seu Adão. Ah, mas ele foi levado na conversa pela Eva, o cara não era tão mau assim. Ela foi quem armou tudo, uma ladina criada para protagonizar seu papel, o caos, a perdição. Será que o anjo do mal não teria interferido diretamente na criação da nossa fêmea?

É, mas o atavismo também deriva da criação e o judeu, na sua sabedoria, entendeu que seria melhor atribuir a Deus, também, a criação do mal, pela simples necessidade de parâmetro para o bem, para o amor.

E aqui estamos nós, expulsos do convívio com os anjos, lutando com nossos próprios protagonistas mentais, com os pensamentos e atitudes alheios, com o vizinho, com o irmão, uns mais na defesa, outros mais no ataque, mas todos em constante batalha.

Uns malucos, na década de 1960, inspirados em gurus globalizados, hippies, Jhons Lenons, Bobs Marleys e outros mais, sonharam com uma comunidade fraterna, sem guerras, sem ódio, paz e amor, e deram com o burro no banhado. O mal os venceu, morreram na casca entorpecidos de anfetaminas e THC. Não tiveram capacidade para se organizar devidamente em ditames de ordem, disciplina e fé, para enfrentar preconceitos e imposições sociais de maneira a implantar sua sociedade alternativa. Sucumbiram logo nos primeiros anos de sua existência, mortos com seu próprio veneno: a preguiça. Na verdade eram todos vagabundos, ninguém estava a fim de trabalhar, muito menos pelo bem comum, era cada um por si, muita permissividade, muito marasmo, muita maresia. E pensar que o adjetivo “hip” significa sofisticação, informação...

Sociedade nestas propostas não sobrevive, é sonho.

Mas foi um segmento do pensamento socialista, comunista, no auge da guerra fria, com seres alimentados pelo capitalismo e vislumbrando o marxismo como alternativa para não se ter muito compromisso. Todos juntos e misturados, rotulados e entorpecidos, em busca de felicidade na base da vagabundagem. Todos operários, porque operário is Beautiful, é o cara, o dono do campinho com bola oferecida a duras penas por uma minoria. Todos sem eira nem beira, todos revoltados com os padrões da época, rebeldes sem causa, fáceis de manipular.

Quem tinha LSD e maconha, violão e sexo, era idolatrado. Até que não tinha mais grana pra pagar traficante, nem comida nas longas filas do rancho. Aí vem o mal, as psicopatias da fome e da abstinência que anulam a libido. Pronto, é o caos social. Ninguém segura, a manada se desaglutina enfraquecida de corpo e alma.

Faltou inteligência, logística, organização, competência, e o sonho se desfez. É, sovietes não conseguem ir muito longe, os russos que o digam.

Impossível se viver em uma sociedade em que não haja trabalho sério, hierarquia, valorização dos esforços individuais e empresariais, ordem, confiança nos administradores, noção de bem comum, liberdade, satisfação, consciência de suas atribuições para o equilíbrio social, onde se possa construir uma realidade que propicie felicidade, o bem pelo bem em si. Não foi por acaso que o Federalist Papers dos “Pais Fundadores” dos Esteites previu que uma sociedade política livre é governada por leis e não por caprichos.

Somos merecedores de méritos na medida em que nos esforçamos para construirmos um mundo melhor para todos e não quando nos encolhemos diante de imposições mascaradas, de narcóticos de fé mal explicada, de ladainhas e rituais extorsivos, pragmatismos toleráveis.

Mas é evidente que se quisermos somente o entorpecer e algumas migalhas para matar a fome, águas de esgotos pútridos para a sede, não o conhecimento que amplia a nossa visão, a saúde que fortalece nosso gene, a segurança e o conforto que nos garantem um futuro melhor, nosso destino será a estagnação, a desagregação, ou o que é pior, a escravidão.

Ser do bem, portanto, é saber amar, saber ser feliz a sua maneira, ter um caminho mapeado, com metas já determinadas, estradas menos esburacadas e perigosas, é não parar no açude para o banho dos pelados, é na base da garra e determinação... e um bom vinho, porque ninguém é de ferro.

Acho que até Adão se deu conta que andar pelado por aí, numa boa, só colhendo os frutos do paraíso e fazendo oferendas ao criador, não tinha muita graça. Para alcançar a perfeição, o verdadeiro éden, necessário muita luta, coragem, atenção às letras da lei universal de ação e reação. Fazemos sempre por merecer, merecemos o que fazemos, aí está o sonho, a  plena realização.

Tenho amor próprio, quero o melhor para mim e para a humanidade que está à minha volta.

Hippies, comunistas, vagabundos, fanáticos, submissos e extremistas não são a minha tribo.
Não falar do amor, por quê?


Renato Maurício Basso
Juiz aposentado




  TABELA PERIÓDICA

 

20 05 2016 


Tem coisas que precisam ser feitas e não há como adiar. É instintivo, intuitivo e necessário para a sobrevivência do animal.

Você já pensou na savana? (Depois falo do cerrado). Veja a cena de duas feras em luta por espaço territorial e por fêmeas em harém. Um vai sorrateiro e atento ao ataque e outro, surpreso, eletrizado, tomado de adrenalina em todos os seus poros, de salto se defende do golpe. Cada um se vira como pode para sobreviver e, talvez, tomar conta das fêmeas.

O predador, no alto da cadeia alimentar, tem que ser mais forte, mais ágil, mais astuto, e a presa, mais numerosa, passiva e não mais esperta e ligeira que seu agressor, tudo para que reine o equilíbrio e seja possível todos sobreviverem. Até se diz que o leão, por ser forte e esperto, é o rei dos animais, prova disso, são os brasões fabricados pelo homem em suas alegorias.

Os asnos, as zebras, as vacas e as antas tem que ser mais numerosos e mais burros. Mas as feras não podem ser muitas, não precisam alimentar outras espécies, a não ser urubus e bactérias. Não podemos esquecer do mundo marinho onde moluscos também predam e são predados. Tá cheio de bichos por aí.
Mas, voltando ao caso, tem fração de segundo em que a reação vem meio que à velocidade da luz, instantaneamente, e é o cérebro que comanda tudo através de ondas elétricas, de um mecanismo apurado movido a química e impulsos. Coisa louca mesmo. Acho muito difícil inventar, ou reproduzir um cérebro e só importaria ao humano reproduzir o seu. Chega de animal irracional, não é verdade?

Qual a taxa de adrenalina no sangue das feras? Pois é, acho que no homem tem o suficiente para sobreviver a seus interesses. Aliás, estamos voltando à época em que precisávamos de muito estímulo e energia para nos defendermos dos nossos próprios irmãos de espécie. A luta por um celular, um par de tênis, é uma constante em nossa sociedade, já não se briga para evitar a fome e a sede, necessidades básicas da vida.

Tem equipes por aí, partidos políticos, PCCs hierarquizados, que agem para o domínio ou pela urgência da demanda de outros males. O mal pelo mal em si. Cidadão por aí assaltando cofres públicos pela plausível necessidade de afagar seus instintos de poder e punguista com a mão no seu bolso para comprar alucinógenos. Taí, o problema todo é do cérebro, é o cérebro! E parece que não tem remédio quando se trata de cérebro humano.

A coisa é deveras complicada. Como fazer para alcançar a paz, o equilíbrio das emoções e o adestramento do instinto, se não buscarmos extirpar o mal pela raiz? Mas o mal está em todos nós, vejam o ódio daquela jornalista dando uma rasteira em um idoso que caiu com uma criança no colo naquela fuga desenfreada da guerra santa muçulmana. É o cérebro fabricando pensamentos de ódio e fanatismos através da química, das engrenagens, misturas, ebulições, choques elétricos, neurotransmissores, sensores, sentidos. Será que a ciência não descobriria com urgência um regulador dessa máquina pensante para conter a maldade e ativar com mais precisão pensamentos de fraternidade, amor, coerência, subsistência, antes que seja tarde demais e um maluco qualquer aperte o botão vermelho do fim de tudo, deletando, extirpando o planeta e a vida com ele? Como dizia o poeta “está em qualquer profecia que o mundo se acaba um dia” e do jeito que a coisa anda dá para ver o fim no fim do túnel.

Será que não estaria nessa regulagem cerebral o remédio para a humanidade? De outra forma, adestramento, educação e direitos não me parecem, por si só, eficazes para acabar com o mal, com o pecado, com o demo e seus capetas.

Será que a química poderia ser a salvação? Me parece que se pressupõe que ela ativa o ataque e a defesa, as emoções e a lógica. Afirmativo, sim. Então a saída para a paz, o paraíso, seria, inicialmente, investimento pesado no conhecimento do cérebro humano. Claro, já tem gente pensando nisso faz tempo. Já temos condições de controlar obsessões e fobias através de sais, de composições químicas e alguma conversa de divã, controlando, assim, o próprio mal. Talvez, em uns vinte ou trinta anos, do jeito que a ciência evolui, possamos organizar melhor os pensamentos e por consequência o relacionamento humano num objetivo comum, transparente e coerente com a busca pela perfeição. A tarefa não é para fracos e por enquanto estamos alinhavados por religiões, seitas e congêneres, profetas e pastores que até hoje não conseguiram nada além de unir legiões em preceitos de moral, costumes, rituais e medo. Estamos engatinhando.

Sabe o tal exame do pezinho? Deveria ter um exame genético capaz de prever quais os tipos de sais e dosagens são necessários para uma boa procriação. O casal iria a um laboratório, faria coleta de material e já teria a previsão da demanda cerebral do futuro filho em poucas horas. Aí era só comprar na farmácia o remedinho para acabar na semente as traquinagens do rebento. Seria ótimo se, conseguido isso, não se pretendesse alienar a mente do vivente, descascar a laranja mecânica. É, mas então o mal perduraria, e o remédio tem que cumprir sua função desde a raiz, em um novo gênese, sem pecado original.

A química, senhoras e senhores, seria o salvador da pátria, um verdadeiro Messias ou a volta dele, não tenham dúvida. Coisa de ficção futurista que daria um bom filme, principalmente se dirigido por Arnaldo Jabor.

E na nossa realidade atual precisamos, além da química, do analista, a metafísica, a crença e o pregador, para controlarmos o gado no curral. Mentes predadoras alienando, controlando, sugando outras mentes. Feras fanatizadas pelo poder corrompem, matam, escravizam burros e coniventes. Mas no cerrado, como toda a regra tem exceção, lei da vantagem, tem mulas, vacas e antas que estão dando uma de predador. Eta faunazinha sem-vergonha. Rapaz, a gente não entende nada do que falam, e olha que temos um pouco de noção de concordância verbal, nominal... é uma barbaridade!

Como é que funciona o comando de tudo no país se o raciocínio verbal, a construção da frase é totalmente ininteligível? Como é que se entendem os gerentes do botequim? Está todo mundo bêbado, mentalmente desequilibrado, descompensado pelos sais da safadeza, clientela e bolicheiro.

Na falta da química do bem, precisamos de atitude rápida e certeira para nos defendermos da quadrilha de feras que nos rondam, roubam o nosso salário, nos escravizam com impostos e sacanagens, deixam-nos a esmo na convulsão da violência urbana que imprime em nossas mentes lições de medo e abusos.

É a sobrevivência de uma nação inteira que está em jogo, não dá para adiar, é o próprio instinto que põe a mostra a necessidade de reação. Tem remédio aí para a química do instinto?

O pano vermelho ilude mas também estimula a fera ruminante do cerrado; serve de abrigo, de camuflagem para o bote. É preciso enfrentar a matilha já, com golpes de inteligência, com coragem, com força, com adrenalina. É chegada a hora.


Renato Maurício Basso



NO LIMITE

  

20 05 2016 


O título parece nome de filme de “Roliudi”...
Até que “al fin” me acordei...!?
Posso ou não posso escrever assim? Não falo das aspas, mas da pontuação final. Estou me expressando, não é mesmo? O “acordei” (lá vem aspas de novo, não acho muito bom, é muito chamativo na cabeça do gado geral, identificável, até), pode ter uma terminação fonética indefinida, logo em seguida som de exclamação e, a final, aquela maneira meio descompassada de expressar ignorância ou cinismo, dentre outras facetas do ser. Faz o teste e me diz...

Mas tudo está na mente do freguês, depende do ponto de vista, da relatividade. A meu ver, por exemplo, o bem e o mal ocupam o grosso da massa cerebral, se assim me permitem. Dependendo da essência, digamos espiritual, de cada um de nós, as partes mais singulares, mais aprimoradas, mais regadas quimicamente, modelam o caráter do indivíduo. Se a parte boa captar mais elementos vitais, melhor para ela. Agora, se o contrário acontece, estamos fritos em pouca banha! É só porcaria que te aparece em noite de sexta-feira treze! (Acho que esse tal treze é do mal mesmo, vocês não acham?). Vira uma bagunça. Os pensamentos criados na calda do mal fazem cada uma... É todo um setor de logística buscando brechas para minar os alicerces da oposição (aquela do bem, lembra?), para tentar manter o controle. Se vier umas crias meio burras, exércitos trapalhões, fica bem melhor no escore para o bem. Veja bem a ordem descendente: o pai ensina o filho, o antecessor modela o sucessor... e por aí vai. Pois bem, que química cerebral tem um molusco para ensinar uma anta? É mais ou menos isso e não há mal que sempre dure. O gráfico do IBGE está com a setinha a mil por hora em direção ao pântano, ou não é bem assim?

Pois então... ó raios, maledetos!!! Pimenta malagueta (de Málaga), “nozóio” dos outros é refresco. Como é que vamos alimentar e fomentar o bem para que produza pensamentos mais espertos? Acho que a química tem muito a ver com isso. Mais lenha no caldeirão do bem e tudo bem. Equilíbrio rapaz! Você pode transcender, sair de órbita (no bom sentido), e buscar uma explicação divina, fica à vontade, mas depois me conta o que você descobriu. Você acredita no ET de Varginha? Seria bom falar com ele, trocar ideias e saber sob que perspectiva nos vê. Até parece que o cara nos veria de cima (putz, mais um), dizendo: “vocês precisam acreditar em mim porque a coisa está feia para o seu lado. Estão ferrando com o planeta e não estão nem aí para a Hora do Brasil. Está um caos. Vou ter que eliminar uns dois terços de vocês, ainda não sei de que forma, mas vai ter choro e ranger de dentes. É claro que vou ter que separar os melhores, já escolhi. Vai ser uma poda, entendem? Nada pessoal, é que eu criei tudo isso, lhes dei livre arbítrio para lidar com o bem e o mal e vocês estão só na malvadeza, seus safados. Esse bem sempre precisando da minha ajuda, já estou farto”!

Sai dessa. O ET nunca poderia ser o manda-chuva, talvez o Guarda Belo, mas pode, também, trazer uma mensagem de paz e amor, bicho. Só estou repetindo as colocações da ufologia, como diria o jornalista Tasca de Chapecó voltando da nave que o abduziu.

O mal fede, é repugnante, envolvente, maroto, ladino. Eu que não gosto do cheiro de enxofre e nem de esgoto, das alcovas e dos sovacos dos tinhosos, capetas, chifrudos, corro léguas dessa meleca. Esses caras metidos com o mal não são repugnantes? Uns fedorentos! Aquela parte das suas mentes vai ficando mais manchada. É o câncer tomando conta, a podridão. Onde está o corretivo? É muito direito. Vi ontem um advogado se intitulando especialista em Direito Digital, não sabia que existia, estou por fora, mas fora isso, tem preso ganhando salário e aposentado ganhando merreca, e está tudo bem... tudo bem uma ova! Tudo mal!!!

Qual a química, meu Deus? Essa tal Tabela Periódica é uma encrenca. O que combina com o quê? Estamos precisando de um ajutório. Manda logo as sete pragas ou o dilúvio. Não está dando mais para segurar.

 

Renato Maurício Basso
Juiz aposentado 


CANIS MAJORIS 

 



20 05 2016


Andiamo fare una passegiata, pero no molto píccola, breve, quiçá, para não se perder por aí.

A coisa é breve mesmo. Nos transportemos para fora do nosso sistema solar para compararmos o nosso pequeno sol com a maior estrela conhecida, a VY Canis Majoris, também conhecida como VY Cma, que fica a 5 mil anos-luz da Terra e tem 2,9 bilhões de quilômetros de diâmetro, porte 1.800 a 2.100 vezes maior que o nosso Sol. O diâmetro da superstar equivale a nove vezes a distância da Terra ao Sol! Mas pode haver astros ainda maiores, já que hoje se conhecem "apenas" 70 septilhões de estrelas no Universo. A VY Canis Majoris fica na constelação de Cão Maior, na Via Láctea, e ganhou o nome da mitologia grega. A constelação representava o cachorro de Órion, o caçador gigante. Apesar do tamanho descomunal da Cma, não é possível vê-la da Terra - ela está morrendo e despejando parte de sua massa em uma nebulosa que encobre nossa visão.

De lá, então, percebemos que o nosso pequeno sol é invisível, um grão no universo, e a Terra? Um nada, um átomo em órbita de outro átomo um pouco maior, um elétron, um próton, um núcleo, sei lá, mas coisa ínfima mesmo, quase um nada. Ao lado da VY Canis Majoris nosso sol nem aparece de tão minúsculo.

Como é, então, que uns miseráveis micróbios como nós, morando neste planeta, neste microscópico sistema solar, podemos estar dotados de um cérebro que pode abarcar essa loucura toda, pensar em inclusão em tudo isso? Quem somos? Qual a nossa função neste contexto inexplicável? Pensar grande sem ir à loucura não é para fracos, e é por isso que um bom vinho uma vez ou outra não faz mal, pelo contrário.

Mas não é verdade? O que é que esses bichinhos matreiros estão fazendo por aqui, procriando, construindo, brigando, se digladiando consigo mesmo, com seus semelhantes e adoecendo o planeta, seu lar? Estão no caminho da destruição se valendo do seu sistema cerebral arcaico, de uma energia que muitos chamam espírito, ou alma. Mas que valor tem para o universo a mente de um terráqueo, o seu espírito, a sua alma? Diante dessa imensidão toda, será que não tem uns espíritos mais energizados, com energia em maior quantidade do que no humano? Uns espíritos gigantes, um paradoxo? Quem somos para afirmar que a humanidade representa a única forma de vida pensante do universo? Que somos os únicos, ou até, os escolhidos pelo Criador? Que diferença fazem meus atos diante do universo? Não dá nem coceira.

Não dá para buscar entender tudo o que nos é mostrado se não temos uma boa base de conhecimento, e conhecimento para sustentar a compreensão do universo ainda não temos. Vamos deixar quieto, por enquanto, porque o micróbio pensante está entretido com outras prioridades, outros focos que lhe deem satisfação imediata e uma singela possibilidade de se manter no formigueiro, de matar suas necessidades biológicas e suas fantasias.

É de se perder, não é mesmo? Que encrenca! Em que enrascada essa maluquice pode nos enlear... Lembro do meu filho aos nove anos de idade me perguntando “Pai, o universo tem fim?” É aí que o bicho pega. Fiquei a ruminar uma resposta plausível na minha cabeça pensante e acho que demorei demais, porque não deu tempo para evitar uma segunda e não menos intrigante pergunta, “Porque se tiver fim, tem de estar dentro de alguma coisa, não é?” E lá veio a bomba H pra acabar de vez com minha perplexidade, “E essa outra coisa teria fim? Caso contrário estaria, também, dentro de outra coisa maior”... Pode parar meu filho, eu disse, isso ninguém explica, não se incomode por enquanto.

E aí “dois problemas se misturam: a verdade do Universo e a prestação que vai vencer”, não é mesmo?

Mas não é uma barbaridade a gente não poder entender as coisas? O vivente fica mais perdido que cachorro caído de caminhão de mudança, do que cusco em procissão.

E lá fui eu pra VY Canis Majoris meus amigos. De lá vi só coisa que nunca tinha visto antes, nada familiar, nada parecido com o que se vê em Brasília ou na Conchinchina, na Rússia ou na América Latina. Mas como eu dizia no início, o passeio tem que ser breve nessas horas, e, rapidamente, voltei à minha condição de micróbio, tendo que me encher o saco com aumento de gasolina, inflação alta, corrupção, impunidade, cara dura, falcatrua, violência e amargura. Como é que vou explicar essa porcaria toda? Esse micróbio filho-da-mãe pensa que é Deus, uns até se intitulam filhos dele, escolhidos por ele e tudo o mais. Como é que vou explicar que o homem precisa de regras para conviver em sociedade – outros até receberam umas tábuas, marmelo, chicote, holocaustos, dilúvios, êxodos, escravidão e peregrinações e não aprenderam nada -, se ninguém obedece as leis que estão aí? São os deuses da impunidade. Ninguém toca nos safados caras-de-pau.

Que enrascada hein? Mas volto, de leve, para Canis Majoris, só para aliviar minha mochila cheia de conceitos, preconceitos, raivas, frustrações (do ódio e da inveja tento me afastar o mais longe possível), da eventual soberba, do medo e da ignorância. Pronto! Acho que me sinto um pouco mais leve... então, de volta, já, para o teu mundinho insignificante, meu filho.

Vamos trabalhar com o que temos de palpável, senão complica tudo. Pois então, nós micróbios – que deveríamos ser macrobióticos e não matar animais para comer – e lá do fundo da plateia, meio na penumbra o cara grita “não abro mão do meu churrasco”, e eu concordo -, nós micróbios devoradores de outros micróbios e que somos devorados por ainda outros micróbios, precisamos nos organizar para manter a nossa colônia viva dentro do macrocosmo. É uma questão de sobrevivência gente. Uns micróbios aí, os do mal, estão bagunçando o coreto e a coisa não está andando conforme manda o figurino. Sabe aquelas amebas que moram no intestino? Essas mesmo, as que vivem na podridão, do estrume, se você não controla o número delas, acaba sendo por elas, e por outras, devorado. Vê como fica se tua imunidade vai abaixo de um índice razoável...É caixão na certa!

Gelo em Marte, diz a Viking, lembra dessa? Bem atual, não é? No entanto, não há galinha em meu quintal...

Mas que é difícil a tarefa de organizar a colônia humana, lá isso é uma grande verdade, ainda mais com essa bicharada toda querendo ganhar espaço, poder, dinheiro, idolatrias de toda sorte. E é em todo o lugar, em todo o aglomeramento. Moluscos, antas, metidos a parar em pé, sobre dois pés, vomitando impropérios de estelionatos e orgias em nome da justiça social...uma tristeza. Mais triste, porém, o admirável gado novo que os segue, ou o que é o cúmulo da desesperança, aqueles que assistem a tudo de forma passiva e covarde, esses são os piores. Nem Jeová, Jesus de Nazaré ou Maomé, são suficientes para controlar os ímpetos da humanidade, que falar de Buda (não o molusco), pastor ou pagé.

É amigo, viver não é fácil não. Ninguém se entende, estamos todos perdidos, todos em busca de uma explicação para tudo que é coisa e pouca coisa é explicada. Religar o ser ao transcendente? Mas será que algum dia já foi ligado a Isso? É engano em cima de engano e não é para menos que o pixuleco tem o número 171 no peito. O estelionato é o delito mais abundante no relacionamento humano, e está tudo bem. Que barbaridade, que pouca vergonha, que falta de brio e de capacidade para se indignar com a roubalheira que essas amebas estão a praticar,  autorizados pelo nosso voto. Giárdias vorazes. Vocês não irão muito longe, não irão tomar conta do organismo  todo, da sociedade toda. Serão punidos pela sua volúpia que nasceu das guerrilhas e nos porões, pela gula, por seu dolo. O seu voo é de galinha e seu destino é ciscar o chão em busca de vermes outros que é o seu alimento.

Aliás, que projeto social tinha um tal Guevara? Ops, o cara é fera, estão dando a escolas o nome dele. Menos. Cheirou uns talcos, fumou uns boa-noites fedorentos, saiu de uma aldeiazinha na Argentina e foi matar gente em florestas tropicais, enlouquecido pelo ópio vermelho. Qual era mesmo a sua proposta para as gerações futuras, para a educação, para a melhoria da sociedade? Nenhuma pessoal. Seu negócio era metralhadora e terror, nada mais, tudo para alcançar fama, um bolivarzinho de  cuecas, libertador de arrotos e flatos com cheiro de enxofre do quinto dos infernos.

Que plano prático tem essa corja de protozoários para a evolução mental, ética, moral, da sociedade brasileira nesse pedaço de torrão desse grão de areia no cosmo? Precisa responder ou vocês tem a resposta bem na frente dos seus narizes, nos mensalões, petrolões, apedeutas e falastrões que infectam palácios planaltinos e repartições públicas no meio do nada? Até uma prefeitazinha metida a besta lá no interior do Maranhão (bem, lá tem escolas excelentes e bons professores sarnentos para ensiná-la), teve o topete de meter a mão na merenda escolar das criancinhas. Está tudo dominado, não é? Por quanto tempo ela irá ficar em cana Dias Toffoli? Como é primária, tem bons antecedentes, coisa e tal, tempo irrisório. E a farra continua com esses vermes fervilhando numa ebulição desenfreada dentro dos cofres públicos, sem que a sociedade conteste, berre, grite... a impunidade é uma droga!

Que mais se quer? Estão infiltrados no próprio Poder Judiciário, na sua mais alta Corte. Alerta vermelho pessoal! O paciente está ficando com sua imunidade muito baixa e pode ir a óbito. Vamos ministrar o remédio devido urgentemente antes que seja tarde demais. Temos bons médicos e creolina da boa para extirpar a bicheira.

Como é que iremos evoluir se não nos mostram o caminho certo, se não nos dão o exemplo de retidão, de postura correta? Bactérias e vírus não brigam entre si em suas colônias, ao contrário, procriam velozmente em ambiente favorável para manter sua espécie. Mas e o micróbio humano? Precisa de sacanagem na busca do poder e o brasileiro tem a lei de Gerson em prática desde mil e quinhentos. É, olhando lá de cima, de Canis Majoris, é tudo ninharia, mas como incomoda...

Em que universo estamos inseridos, hein meu filho? Será que tem fim? E eu que ia ser breve... Que micróbio pretensioso eu sou... Já pensou?

 

Renato Maurício Basso
Juiz aposentado