quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A LUZ E O BEM DO GAROTO EINSTEIN

Tem uns pensamentos metidos que tentam dar comando às ações e reações do vivente. Se deixar, eles te absorvem, tipo aquele gargalo quando se tira a tampa de vedação do tanque. Até parece a minha velha Captiva sorvendo gasolina a cada acelerada mais forte, para alimentar seus seis cilindros. Ou a garrafa de pinga na boca do bêbado insaciável. Verdadeiros vortex.
Chove lá fora e fui absorvido por um pensamento. Teclado em posição e vejam só: gira pela internet a mensagem de um garoto, que dizem ser Einstein em sala de aula, ainda no básico, contestando o prussiano professor. Dentre as coisas que disse, surpreendendo o mestre, foi que o escuro é a ausência de luz e, o que mais gravei, que “o mal é a ausência do bem, ele não existe”.
Não li a biografia do grande cientista, mas a réplica do garoto foi genial! Então o mal simplesmente não existe porque é um ausente? Ainda assim penso com subjetividades... Se uma coisa está ausente, é porque não se faz presente, ou seja, não se encontra no sistema, é uma mera abstração, assim como o espírito, que dizem ter personalidade. Compreendi e faço a “prova dos nove”. Se as trevas são a ausência da luz, onde não tem luz, não tem nada; e se o bem é a ausência do mal, onde tem mal tem nada? Não quero cotejar luz e bem, e acho que não é este o caminho. Analiso o mal e entendo que nem sempre ele é abstrato. Ou a dor física, o soco no olho, o assalto ao teu bolso, não estão no nosso minuto a minuto? Ninguém quer passar por isso porque não é nada “bom”. Então, se o mal físico existe, é porque “existe o mal”, não sendo ele, pois, “ausente”.
E o mal mental, ou, como queiram, espiritual? Existe, sem sombra de dúvida, é só fazer uma visita ao manicômio judicial e aos presídios, para constatar. Se preferir, podes sentir o cheiro da brilhantina nos corredores do Estado. Ali vais encontrar o mal maior, que quase todo mundo vê.
Os parâmetros que consigo abarcar me permitem chegar à conclusão que o mal não é nenhuma abstração. Tem vezes que se manifesta em carne e osso, como o próprio capeta.
Pois é, mas se está escuro, é porque não tem luz; e se tem o mal, é porque não tem bem? Sendo assim, a luz e o bem poderiam ser meras abstrações? Não concordo. Noves fora. Saindo do vórtice.

Renato Mauricio Basso
juiz aposentado