POR QUE NÃO FALAR DO AMOR
  
20 05 2016 
Isso
 para mim ainda é um grande mistério. Os latinos definiram este 
sentimento como predisposição de alguém a desejar o bem de outrem ou de 
alguma coisa, o tal “amore”. Por esta ótica penso que amo desde os 
primeiros lampejos da minha existência. Sou do bem.
Não é bonito 
ver a harmonia a sua volta, na sua família, seu trabalho, seu clube, sua
 comunidade? Não lhe causa uma prazerosa sensação de segurança, 
bem-estar, felicidade? Não seria esse o chamado “paraíso terrestre” do 
gênesis?
Esse Adão foi um tremendo babaca. Onde já se viu querer 
se meter com o mal, fazer conchavos com o capeta Lucifér, trair o 
todo-poderoso, tudo pra nos botar nessa fria desgraçada? Estamos aí numa
 encrenca geral, perdidos que nem cachorro caído de caminhão de mudança,
 abobalhados, matreiros, desconfiados, traíras, emanados de toda sorte, 
crentes fanáticos, hipócritas covardes, irresponsáveis e loucos, todos 
com um pouco de toda essa mixórdia.
Como diziam os sioux, dos dois 
lobos que tem dentro de você, em eterna luta, vence aquele que você mais
 alimenta. O bem e o mal está dentro de cada um de nós, coisa lá do seu 
Adão. Ah, mas ele foi levado na conversa pela Eva, o cara não era tão 
mau assim. Ela foi quem armou tudo, uma ladina criada para protagonizar 
seu papel, o caos, a perdição. Será que o anjo do mal não teria 
interferido diretamente na criação da nossa fêmea?
É, mas o 
atavismo também deriva da criação e o judeu, na sua sabedoria, entendeu 
que seria melhor atribuir a Deus, também, a criação do mal, pela simples
 necessidade de parâmetro para o bem, para o amor.
E aqui estamos
 nós, expulsos do convívio com os anjos, lutando com nossos próprios 
protagonistas mentais, com os pensamentos e atitudes alheios, com o 
vizinho, com o irmão, uns mais na defesa, outros mais no ataque, mas 
todos em constante batalha.
Uns malucos, na década de 1960, 
inspirados em gurus globalizados, hippies, Jhons Lenons, Bobs Marleys e 
outros mais, sonharam com uma comunidade fraterna, sem guerras, sem 
ódio, paz e amor, e deram com o burro no banhado. O mal os venceu, 
morreram na casca entorpecidos de anfetaminas e THC. Não tiveram 
capacidade para se organizar devidamente em ditames de ordem, disciplina
 e fé, para enfrentar preconceitos e imposições sociais de maneira a 
implantar sua sociedade alternativa. Sucumbiram logo nos primeiros anos 
de sua existência, mortos com seu próprio veneno: a preguiça. Na verdade
 eram todos vagabundos, ninguém estava a fim de trabalhar, muito menos 
pelo bem comum, era cada um por si, muita permissividade, muito marasmo,
 muita maresia. E pensar que o adjetivo “hip” significa sofisticação, 
informação...
Sociedade nestas propostas não sobrevive, é sonho.
Mas
 foi um segmento do pensamento socialista, comunista, no auge da guerra 
fria, com seres alimentados pelo capitalismo e vislumbrando o marxismo 
como alternativa para não se ter muito compromisso. Todos juntos e 
misturados, rotulados e entorpecidos, em busca de felicidade na base da 
vagabundagem. Todos operários, porque operário is Beautiful, é o cara, o
 dono do campinho com bola oferecida a duras penas por uma minoria. 
Todos sem eira nem beira, todos revoltados com os padrões da época, 
rebeldes sem causa, fáceis de manipular.
Quem tinha LSD e 
maconha, violão e sexo, era idolatrado. Até que não tinha mais grana pra
 pagar traficante, nem comida nas longas filas do rancho. Aí vem o mal, 
as psicopatias da fome e da abstinência que anulam a libido. Pronto, é o
 caos social. Ninguém segura, a manada se desaglutina enfraquecida de 
corpo e alma.
Faltou inteligência, logística, organização, 
competência, e o sonho se desfez. É, sovietes não conseguem ir muito 
longe, os russos que o digam.
Impossível se viver em uma 
sociedade em que não haja trabalho sério, hierarquia, valorização dos 
esforços individuais e empresariais, ordem, confiança nos 
administradores, noção de bem comum, liberdade, satisfação, consciência 
de suas atribuições para o equilíbrio social, onde se possa construir 
uma realidade que propicie felicidade, o bem pelo bem em si. Não foi por
 acaso que o Federalist Papers dos “Pais Fundadores” dos Esteites previu
 que uma sociedade política livre é governada por leis e não por 
caprichos.
Somos merecedores de méritos na medida em que nos 
esforçamos para construirmos um mundo melhor para todos e não quando nos
 encolhemos diante de imposições mascaradas, de narcóticos de fé mal 
explicada, de ladainhas e rituais extorsivos, pragmatismos toleráveis.
Mas
 é evidente que se quisermos somente o entorpecer e algumas migalhas 
para matar a fome, águas de esgotos pútridos para a sede, não o 
conhecimento que amplia a nossa visão, a saúde que fortalece nosso gene,
 a segurança e o conforto que nos garantem um futuro melhor, nosso 
destino será a estagnação, a desagregação, ou o que é pior, a 
escravidão.
Ser do bem, portanto, é saber amar, saber ser feliz a
 sua maneira, ter um caminho mapeado, com metas já determinadas, 
estradas menos esburacadas e perigosas, é não parar no açude para o 
banho dos pelados, é na base da garra e determinação... e um bom vinho, 
porque ninguém é de ferro.
Acho que até Adão se deu conta que 
andar pelado por aí, numa boa, só colhendo os frutos do paraíso e 
fazendo oferendas ao criador, não tinha muita graça. Para alcançar a 
perfeição, o verdadeiro éden, necessário muita luta, coragem, atenção às
 letras da lei universal de ação e reação. Fazemos sempre por merecer, 
merecemos o que fazemos, aí está o sonho, a  plena realização.
Tenho amor próprio, quero o melhor para mim e para a humanidade que está à minha volta.
Hippies, comunistas, vagabundos, fanáticos, submissos e extremistas não são a minha tribo.
Não falar do amor, por quê?
Renato Maurício Basso
Juiz aposentado 
 
 
TABELA PERIÓDICA
 
20 05 2016 
Tem coisas que precisam ser feitas e não há como adiar. É instintivo, intuitivo e necessário para a sobrevivência do animal.
Você
 já pensou na savana? (Depois falo do cerrado). Veja a cena de duas 
feras em luta por espaço territorial e por fêmeas em harém. Um vai 
sorrateiro e atento ao ataque e outro, surpreso, eletrizado, tomado de 
adrenalina em todos os seus poros, de salto se defende do golpe. Cada um
 se vira como pode para sobreviver e, talvez, tomar conta das fêmeas.
O
 predador, no alto da cadeia alimentar, tem que ser mais forte, mais 
ágil, mais astuto, e a presa, mais numerosa, passiva e não mais esperta e
 ligeira que seu agressor, tudo para que reine o equilíbrio e seja 
possível todos sobreviverem. Até se diz que o leão, por ser forte e 
esperto, é o rei dos animais, prova disso, são os brasões fabricados 
pelo homem em suas alegorias.
Os asnos, as zebras, as vacas e as 
antas tem que ser mais numerosos e mais burros. Mas as feras não podem 
ser muitas, não precisam alimentar outras espécies, a não ser urubus e 
bactérias. Não podemos esquecer do mundo marinho onde moluscos também 
predam e são predados. Tá cheio de bichos por aí.
Mas, voltando ao 
caso, tem fração de segundo em que a reação vem meio que à velocidade da
 luz, instantaneamente, e é o cérebro que comanda tudo através de ondas 
elétricas, de um mecanismo apurado movido a química e impulsos. Coisa 
louca mesmo. Acho muito difícil inventar, ou reproduzir um cérebro e só 
importaria ao humano reproduzir o seu. Chega de animal irracional, não é
 verdade?
Qual a taxa de adrenalina no sangue das feras? Pois é, 
acho que no homem tem o suficiente para sobreviver a seus interesses. 
Aliás, estamos voltando à época em que precisávamos de muito estímulo e 
energia para nos defendermos dos nossos próprios irmãos de espécie. A 
luta por um celular, um par de tênis, é uma constante em nossa 
sociedade, já não se briga para evitar a fome e a sede, necessidades 
básicas da vida.
Tem equipes por aí, partidos políticos, PCCs 
hierarquizados, que agem para o domínio ou pela urgência da demanda de 
outros males. O mal pelo mal em si. Cidadão por aí assaltando cofres 
públicos pela plausível necessidade de afagar seus instintos de poder e 
punguista com a mão no seu bolso para comprar alucinógenos. Taí, o 
problema todo é do cérebro, é o cérebro! E parece que não tem remédio 
quando se trata de cérebro humano.
A coisa é deveras complicada. 
Como fazer para alcançar a paz, o equilíbrio das emoções e o 
adestramento do instinto, se não buscarmos extirpar o mal pela raiz? Mas
 o mal está em todos nós, vejam o ódio daquela jornalista dando uma 
rasteira em um idoso que caiu com uma criança no colo naquela fuga 
desenfreada da guerra santa muçulmana. É o cérebro fabricando 
pensamentos de ódio e fanatismos através da química, das engrenagens, 
misturas, ebulições, choques elétricos, neurotransmissores, sensores, 
sentidos. Será que a ciência não descobriria com urgência um regulador 
dessa máquina pensante para conter a maldade e ativar com mais precisão 
pensamentos de fraternidade, amor, coerência, subsistência, antes que 
seja tarde demais e um maluco qualquer aperte o botão vermelho do fim de
 tudo, deletando, extirpando o planeta e a vida com ele? Como dizia o 
poeta “está em qualquer profecia que o mundo se acaba um dia” e do jeito
 que a coisa anda dá para ver o fim no fim do túnel.
Será que não
 estaria nessa regulagem cerebral o remédio para a humanidade? De outra 
forma, adestramento, educação e direitos não me parecem, por si só, 
eficazes para acabar com o mal, com o pecado, com o demo e seus capetas.
Será
 que a química poderia ser a salvação? Me parece que se pressupõe que 
ela ativa o ataque e a defesa, as emoções e a lógica. Afirmativo, sim. 
Então a saída para a paz, o paraíso, seria, inicialmente, investimento 
pesado no conhecimento do cérebro humano. Claro, já tem gente pensando 
nisso faz tempo. Já temos condições de controlar obsessões e fobias 
através de sais, de composições químicas e alguma conversa de divã, 
controlando, assim, o próprio mal. Talvez, em uns vinte ou trinta anos, 
do jeito que a ciência evolui, possamos organizar melhor os pensamentos e
 por consequência o relacionamento humano num objetivo comum, 
transparente e coerente com a busca pela perfeição. A tarefa não é para 
fracos e por enquanto estamos alinhavados por religiões, seitas e 
congêneres, profetas e pastores que até hoje não conseguiram nada além 
de unir legiões em preceitos de moral, costumes, rituais e medo. Estamos
 engatinhando.
Sabe o tal exame do pezinho? Deveria ter um exame 
genético capaz de prever quais os tipos de sais e dosagens são 
necessários para uma boa procriação. O casal iria a um laboratório, 
faria coleta de material e já teria a previsão da demanda cerebral do 
futuro filho em poucas horas. Aí era só comprar na farmácia o remedinho 
para acabar na semente as traquinagens do rebento. Seria ótimo se, 
conseguido isso, não se pretendesse alienar a mente do vivente, 
descascar a laranja mecânica. É, mas então o mal perduraria, e o remédio
 tem que cumprir sua função desde a raiz, em um novo gênese, sem pecado 
original.
A química, senhoras e senhores, seria o salvador da 
pátria, um verdadeiro Messias ou a volta dele, não tenham dúvida. Coisa 
de ficção futurista que daria um bom filme, principalmente se dirigido 
por Arnaldo Jabor.
E na nossa realidade atual precisamos, além da
 química, do analista, a metafísica, a crença e o pregador, para 
controlarmos o gado no curral. Mentes predadoras alienando, controlando,
 sugando outras mentes. Feras fanatizadas pelo poder corrompem, matam, 
escravizam burros e coniventes. Mas no cerrado, como toda a regra tem 
exceção, lei da vantagem, tem mulas, vacas e antas que estão dando uma 
de predador. Eta faunazinha sem-vergonha. Rapaz, a gente não entende 
nada do que falam, e olha que temos um pouco de noção de concordância 
verbal, nominal... é uma barbaridade!
Como é que funciona o 
comando de tudo no país se o raciocínio verbal, a construção da frase é 
totalmente ininteligível? Como é que se entendem os gerentes do 
botequim? Está todo mundo bêbado, mentalmente desequilibrado, 
descompensado pelos sais da safadeza, clientela e bolicheiro.
Na 
falta da química do bem, precisamos de atitude rápida e certeira para 
nos defendermos da quadrilha de feras que nos rondam, roubam o nosso 
salário, nos escravizam com impostos e sacanagens, deixam-nos a esmo na 
convulsão da violência urbana que imprime em nossas mentes lições de 
medo e abusos.
É a sobrevivência de uma nação inteira que está em
 jogo, não dá para adiar, é o próprio instinto que põe a mostra a 
necessidade de reação. Tem remédio aí para a química do instinto?
O
 pano vermelho ilude mas também estimula a fera ruminante do cerrado; 
serve de abrigo, de camuflagem para o bote. É preciso enfrentar a 
matilha já, com golpes de inteligência, com coragem, com força, com 
adrenalina. É chegada a hora.
Renato Maurício Basso
 
 
 
NO LIMITE
  
20 05 2016 
O título parece nome de filme de “Roliudi”...
Até que “al fin” me acordei...!?
Posso
 ou não posso escrever assim? Não falo das aspas, mas da pontuação 
final. Estou me expressando, não é mesmo? O “acordei” (lá vem aspas de 
novo, não acho muito bom, é muito chamativo na cabeça do gado geral, 
identificável, até), pode ter uma terminação fonética indefinida, logo 
em seguida som de exclamação e, a final, aquela maneira meio 
descompassada de expressar ignorância ou cinismo, dentre outras facetas 
do ser. Faz o teste e me diz...
Mas tudo está na mente do 
freguês, depende do ponto de vista, da relatividade. A meu ver, por 
exemplo, o bem e o mal ocupam o grosso da massa cerebral, se assim me 
permitem. Dependendo da essência, digamos espiritual, de cada um de nós,
 as partes mais singulares, mais aprimoradas, mais regadas quimicamente,
 modelam o caráter do indivíduo. Se a parte boa captar mais elementos 
vitais, melhor para ela. Agora, se o contrário acontece, estamos fritos 
em pouca banha! É só porcaria que te aparece em noite de sexta-feira 
treze! (Acho que esse tal treze é do mal mesmo, vocês não acham?). Vira 
uma bagunça. Os pensamentos criados na calda do mal fazem cada uma... É 
todo um setor de logística buscando brechas para minar os alicerces da 
oposição (aquela do bem, lembra?), para tentar manter o controle. Se 
vier umas crias meio burras, exércitos trapalhões, fica bem melhor no 
escore para o bem. Veja bem a ordem descendente: o pai ensina o filho, o
 antecessor modela o sucessor... e por aí vai. Pois bem, que química 
cerebral tem um molusco para ensinar uma anta? É mais ou menos isso e 
não há mal que sempre dure. O gráfico do IBGE está com a setinha a mil 
por hora em direção ao pântano, ou não é bem assim?
Pois então...
 ó raios, maledetos!!! Pimenta malagueta (de Málaga), “nozóio” dos 
outros é refresco. Como é que vamos alimentar e fomentar o bem para que 
produza pensamentos mais espertos? Acho que a química tem muito a ver 
com isso. Mais lenha no caldeirão do bem e tudo bem. Equilíbrio rapaz! 
Você pode transcender, sair de órbita (no bom sentido), e buscar uma 
explicação divina, fica à vontade, mas depois me conta o que você 
descobriu. Você acredita no ET de Varginha? Seria bom falar com ele, 
trocar ideias e saber sob que perspectiva nos vê. Até parece que o cara 
nos veria de cima (putz, mais um), dizendo: “vocês precisam acreditar em
 mim porque a coisa está feia para o seu lado. Estão ferrando com o 
planeta e não estão nem aí para a Hora do Brasil. Está um caos. Vou ter 
que eliminar uns dois terços de vocês, ainda não sei de que forma, mas 
vai ter choro e ranger de dentes. É claro que vou ter que separar os 
melhores, já escolhi. Vai ser uma poda, entendem? Nada pessoal, é que eu
 criei tudo isso, lhes dei livre arbítrio para lidar com o bem e o mal e
 vocês estão só na malvadeza, seus safados. Esse bem sempre precisando 
da minha ajuda, já estou farto”!
Sai dessa. O ET nunca poderia 
ser o manda-chuva, talvez o Guarda Belo, mas pode, também, trazer uma 
mensagem de paz e amor, bicho. Só estou repetindo as colocações da 
ufologia, como diria o jornalista Tasca de Chapecó voltando da nave que o
 abduziu.
O mal fede, é repugnante, envolvente, maroto, ladino. 
Eu que não gosto do cheiro de enxofre e nem de esgoto, das alcovas e dos
 sovacos dos tinhosos, capetas, chifrudos, corro léguas dessa meleca. 
Esses caras metidos com o mal não são repugnantes? Uns fedorentos! 
Aquela parte das suas mentes vai ficando mais manchada. É o câncer 
tomando conta, a podridão. Onde está o corretivo? É muito direito. Vi 
ontem um advogado se intitulando especialista em Direito Digital, não 
sabia que existia, estou por fora, mas fora isso, tem preso ganhando 
salário e aposentado ganhando merreca, e está tudo bem... tudo bem uma 
ova! Tudo mal!!!
Qual a química, meu Deus? Essa tal Tabela 
Periódica é uma encrenca. O que combina com o quê? Estamos precisando de
 um ajutório. Manda logo as sete pragas ou o dilúvio. Não está dando 
mais para segurar.
 
Renato Maurício Basso
Juiz aposentado 
 
 
 
CANIS MAJORIS 
 
20 05 2016
Andiamo fare una passegiata, pero no molto píccola, breve, quiçá, para não se perder por aí.
A
 coisa é breve mesmo. Nos transportemos para fora do nosso sistema solar
 para compararmos o nosso pequeno sol com a maior estrela conhecida, a 
VY Canis Majoris, também conhecida como VY Cma, que fica a 5 mil 
anos-luz da Terra e tem 2,9 bilhões de quilômetros de diâmetro, porte 
1.800 a 2.100 vezes maior que o nosso Sol. O diâmetro da superstar 
equivale a nove vezes a distância da Terra ao Sol! Mas pode haver astros
 ainda maiores, já que hoje se conhecem "apenas" 70 septilhões de 
estrelas no Universo. A VY Canis Majoris fica na constelação de Cão 
Maior, na Via Láctea, e ganhou o nome da mitologia grega. A constelação 
representava o cachorro de Órion, o caçador gigante. Apesar do tamanho 
descomunal da Cma, não é possível vê-la da Terra - ela está morrendo e 
despejando parte de sua massa em uma nebulosa que encobre nossa visão.
De
 lá, então, percebemos que o nosso pequeno sol é invisível, um grão no 
universo, e a Terra? Um nada, um átomo em órbita de outro átomo um pouco
 maior, um elétron, um próton, um núcleo, sei lá, mas coisa ínfima 
mesmo, quase um nada. Ao lado da VY Canis Majoris nosso sol nem aparece 
de tão minúsculo.
Como é, então, que uns miseráveis micróbios 
como nós, morando neste planeta, neste microscópico sistema solar, 
podemos estar dotados de um cérebro que pode abarcar essa loucura toda, 
pensar em inclusão em tudo isso? Quem somos? Qual a nossa função neste 
contexto inexplicável? Pensar grande sem ir à loucura não é para fracos,
 e é por isso que um bom vinho uma vez ou outra não faz mal, pelo 
contrário.
Mas não é verdade? O que é que esses bichinhos 
matreiros estão fazendo por aqui, procriando, construindo, brigando, se 
digladiando consigo mesmo, com seus semelhantes e adoecendo o planeta, 
seu lar? Estão no caminho da destruição se valendo do seu sistema 
cerebral arcaico, de uma energia que muitos chamam espírito, ou alma. 
Mas que valor tem para o universo a mente de um terráqueo, o seu 
espírito, a sua alma? Diante dessa imensidão toda, será que não tem uns 
espíritos mais energizados, com energia em maior quantidade do que no 
humano? Uns espíritos gigantes, um paradoxo? Quem somos para afirmar que
 a humanidade representa a única forma de vida pensante do universo? Que
 somos os únicos, ou até, os escolhidos pelo Criador? Que diferença 
fazem meus atos diante do universo? Não dá nem coceira.
Não dá 
para buscar entender tudo o que nos é mostrado se não temos uma boa base
 de conhecimento, e conhecimento para sustentar a compreensão do 
universo ainda não temos. Vamos deixar quieto, por enquanto, porque o 
micróbio pensante está entretido com outras prioridades, outros focos 
que lhe deem satisfação imediata e uma singela possibilidade de se 
manter no formigueiro, de matar suas necessidades biológicas e suas 
fantasias.
É de se perder, não é mesmo? Que encrenca! Em que 
enrascada essa maluquice pode nos enlear... Lembro do meu filho aos nove
 anos de idade me perguntando “Pai, o universo tem fim?” É aí que o 
bicho pega. Fiquei a ruminar uma resposta plausível na minha cabeça 
pensante e acho que demorei demais, porque não deu tempo para evitar uma
 segunda e não menos intrigante pergunta, “Porque se tiver fim, tem de 
estar dentro de alguma coisa, não é?” E lá veio a bomba H pra acabar de 
vez com minha perplexidade, “E essa outra coisa teria fim? Caso 
contrário estaria, também, dentro de outra coisa maior”... Pode parar 
meu filho, eu disse, isso ninguém explica, não se incomode por enquanto.
E aí “dois problemas se misturam: a verdade do Universo e a prestação que vai vencer”, não é mesmo?
Mas
 não é uma barbaridade a gente não poder entender as coisas? O vivente 
fica mais perdido que cachorro caído de caminhão de mudança, do que 
cusco em procissão.
E lá fui eu pra VY Canis Majoris meus amigos.
 De lá vi só coisa que nunca tinha visto antes, nada familiar, nada 
parecido com o que se vê em Brasília ou na Conchinchina, na Rússia ou na
 América Latina. Mas como eu dizia no início, o passeio tem que ser 
breve nessas horas, e, rapidamente, voltei à minha condição de micróbio,
 tendo que me encher o saco com aumento de gasolina, inflação alta, 
corrupção, impunidade, cara dura, falcatrua, violência e amargura. Como é
 que vou explicar essa porcaria toda? Esse micróbio filho-da-mãe pensa 
que é Deus, uns até se intitulam filhos dele, escolhidos por ele e tudo o
 mais. Como é que vou explicar que o homem precisa de regras para 
conviver em sociedade – outros até receberam umas tábuas, marmelo, 
chicote, holocaustos, dilúvios, êxodos, escravidão e peregrinações e não
 aprenderam nada -, se ninguém obedece as leis que estão aí? São os 
deuses da impunidade. Ninguém toca nos safados caras-de-pau.
Que 
enrascada hein? Mas volto, de leve, para Canis Majoris, só para aliviar 
minha mochila cheia de conceitos, preconceitos, raivas, frustrações (do 
ódio e da inveja tento me afastar o mais longe possível), da eventual 
soberba, do medo e da ignorância. Pronto! Acho que me sinto um pouco 
mais leve... então, de volta, já, para o teu mundinho insignificante, 
meu filho.
Vamos trabalhar com o que temos de palpável, senão 
complica tudo. Pois então, nós micróbios – que deveríamos ser 
macrobióticos e não matar animais para comer – e lá do fundo da plateia,
 meio na penumbra o cara grita “não abro mão do meu churrasco”, e eu 
concordo -, nós micróbios devoradores de outros micróbios e que somos 
devorados por ainda outros micróbios, precisamos nos organizar para 
manter a nossa colônia viva dentro do macrocosmo. É uma questão de 
sobrevivência gente. Uns micróbios aí, os do mal, estão bagunçando o 
coreto e a coisa não está andando conforme manda o figurino. Sabe 
aquelas amebas que moram no intestino? Essas mesmo, as que vivem na 
podridão, do estrume, se você não controla o número delas, acaba sendo 
por elas, e por outras, devorado. Vê como fica se tua imunidade vai 
abaixo de um índice razoável...É caixão na certa!
Gelo em Marte, diz a Viking, lembra dessa? Bem atual, não é? No entanto, não há galinha em meu quintal...
Mas
 que é difícil a tarefa de organizar a colônia humana, lá isso é uma 
grande verdade, ainda mais com essa bicharada toda querendo ganhar 
espaço, poder, dinheiro, idolatrias de toda sorte. E é em todo o lugar, 
em todo o aglomeramento. Moluscos, antas, metidos a parar em pé, sobre 
dois pés, vomitando impropérios de estelionatos e orgias em nome da 
justiça social...uma tristeza. Mais triste, porém, o admirável gado novo
 que os segue, ou o que é o cúmulo da desesperança, aqueles que assistem
 a tudo de forma passiva e covarde, esses são os piores. Nem Jeová, 
Jesus de Nazaré ou Maomé, são suficientes para controlar os ímpetos da 
humanidade, que falar de Buda (não o molusco), pastor ou pagé.
É 
amigo, viver não é fácil não. Ninguém se entende, estamos todos 
perdidos, todos em busca de uma explicação para tudo que é coisa e pouca
 coisa é explicada. Religar o ser ao transcendente? Mas será que algum 
dia já foi ligado a Isso? É engano em cima de engano e não é para menos 
que o pixuleco tem o número 171 no peito. O estelionato é o delito mais 
abundante no relacionamento humano, e está tudo bem. Que barbaridade, 
que pouca vergonha, que falta de brio e de capacidade para se indignar 
com a roubalheira que essas amebas estão a praticar,  autorizados pelo 
nosso voto. Giárdias vorazes. Vocês não irão muito longe, não irão tomar
 conta do organismo  todo, da sociedade toda. Serão punidos pela sua 
volúpia que nasceu das guerrilhas e nos porões, pela gula, por seu dolo.
 O seu voo é de galinha e seu destino é ciscar o chão em busca de vermes
 outros que é o seu alimento.
Aliás, que projeto social tinha um 
tal Guevara? Ops, o cara é fera, estão dando a escolas o nome dele. 
Menos. Cheirou uns talcos, fumou uns boa-noites fedorentos, saiu de uma 
aldeiazinha na Argentina e foi matar gente em florestas tropicais, 
enlouquecido pelo ópio vermelho. Qual era mesmo a sua proposta para as 
gerações futuras, para a educação, para a melhoria da sociedade? Nenhuma
 pessoal. Seu negócio era metralhadora e terror, nada mais, tudo para 
alcançar fama, um bolivarzinho de  cuecas, libertador de arrotos e 
flatos com cheiro de enxofre do quinto dos infernos.
Que plano 
prático tem essa corja de protozoários para a evolução mental, ética, 
moral, da sociedade brasileira nesse pedaço de torrão desse grão de 
areia no cosmo? Precisa responder ou vocês tem a resposta bem na frente 
dos seus narizes, nos mensalões, petrolões, apedeutas e falastrões que 
infectam palácios planaltinos e repartições públicas no meio do nada? 
Até uma prefeitazinha metida a besta lá no interior do Maranhão (bem, lá
 tem escolas excelentes e bons professores sarnentos para ensiná-la), 
teve o topete de meter a mão na merenda escolar das criancinhas. Está 
tudo dominado, não é? Por quanto tempo ela irá ficar em cana Dias 
Toffoli? Como é primária, tem bons antecedentes, coisa e tal, tempo 
irrisório. E a farra continua com esses vermes fervilhando numa ebulição
 desenfreada dentro dos cofres públicos, sem que a sociedade conteste, 
berre, grite... a impunidade é uma droga!
Que mais se quer? Estão
 infiltrados no próprio Poder Judiciário, na sua mais alta Corte. Alerta
 vermelho pessoal! O paciente está ficando com sua imunidade muito baixa
 e pode ir a óbito. Vamos ministrar o remédio devido urgentemente antes 
que seja tarde demais. Temos bons médicos e creolina da boa para 
extirpar a bicheira.
Como é que iremos evoluir se não nos mostram
 o caminho certo, se não nos dão o exemplo de retidão, de postura 
correta? Bactérias e vírus não brigam entre si em suas colônias, ao 
contrário, procriam velozmente em ambiente favorável para manter sua 
espécie. Mas e o micróbio humano? Precisa de sacanagem na busca do poder
 e o brasileiro tem a lei de Gerson em prática desde mil e quinhentos. 
É, olhando lá de cima, de Canis Majoris, é tudo ninharia, mas como 
incomoda...
Em que universo estamos inseridos, hein meu filho? 
Será que tem fim? E eu que ia ser breve... Que micróbio pretensioso eu 
sou... Já pensou?
 
Renato Maurício Basso
Juiz aposentado