sexta-feira, 20 de maio de 2016

 POR QUE NÃO FALAR DO AMOR

 

20 05 2016 



Isso para mim ainda é um grande mistério. Os latinos definiram este sentimento como predisposição de alguém a desejar o bem de outrem ou de alguma coisa, o tal “amore”. Por esta ótica penso que amo desde os primeiros lampejos da minha existência. Sou do bem.

Não é bonito ver a harmonia a sua volta, na sua família, seu trabalho, seu clube, sua comunidade? Não lhe causa uma prazerosa sensação de segurança, bem-estar, felicidade? Não seria esse o chamado “paraíso terrestre” do gênesis?

Esse Adão foi um tremendo babaca. Onde já se viu querer se meter com o mal, fazer conchavos com o capeta Lucifér, trair o todo-poderoso, tudo pra nos botar nessa fria desgraçada? Estamos aí numa encrenca geral, perdidos que nem cachorro caído de caminhão de mudança, abobalhados, matreiros, desconfiados, traíras, emanados de toda sorte, crentes fanáticos, hipócritas covardes, irresponsáveis e loucos, todos com um pouco de toda essa mixórdia.
Como diziam os sioux, dos dois lobos que tem dentro de você, em eterna luta, vence aquele que você mais alimenta. O bem e o mal está dentro de cada um de nós, coisa lá do seu Adão. Ah, mas ele foi levado na conversa pela Eva, o cara não era tão mau assim. Ela foi quem armou tudo, uma ladina criada para protagonizar seu papel, o caos, a perdição. Será que o anjo do mal não teria interferido diretamente na criação da nossa fêmea?

É, mas o atavismo também deriva da criação e o judeu, na sua sabedoria, entendeu que seria melhor atribuir a Deus, também, a criação do mal, pela simples necessidade de parâmetro para o bem, para o amor.

E aqui estamos nós, expulsos do convívio com os anjos, lutando com nossos próprios protagonistas mentais, com os pensamentos e atitudes alheios, com o vizinho, com o irmão, uns mais na defesa, outros mais no ataque, mas todos em constante batalha.

Uns malucos, na década de 1960, inspirados em gurus globalizados, hippies, Jhons Lenons, Bobs Marleys e outros mais, sonharam com uma comunidade fraterna, sem guerras, sem ódio, paz e amor, e deram com o burro no banhado. O mal os venceu, morreram na casca entorpecidos de anfetaminas e THC. Não tiveram capacidade para se organizar devidamente em ditames de ordem, disciplina e fé, para enfrentar preconceitos e imposições sociais de maneira a implantar sua sociedade alternativa. Sucumbiram logo nos primeiros anos de sua existência, mortos com seu próprio veneno: a preguiça. Na verdade eram todos vagabundos, ninguém estava a fim de trabalhar, muito menos pelo bem comum, era cada um por si, muita permissividade, muito marasmo, muita maresia. E pensar que o adjetivo “hip” significa sofisticação, informação...

Sociedade nestas propostas não sobrevive, é sonho.

Mas foi um segmento do pensamento socialista, comunista, no auge da guerra fria, com seres alimentados pelo capitalismo e vislumbrando o marxismo como alternativa para não se ter muito compromisso. Todos juntos e misturados, rotulados e entorpecidos, em busca de felicidade na base da vagabundagem. Todos operários, porque operário is Beautiful, é o cara, o dono do campinho com bola oferecida a duras penas por uma minoria. Todos sem eira nem beira, todos revoltados com os padrões da época, rebeldes sem causa, fáceis de manipular.

Quem tinha LSD e maconha, violão e sexo, era idolatrado. Até que não tinha mais grana pra pagar traficante, nem comida nas longas filas do rancho. Aí vem o mal, as psicopatias da fome e da abstinência que anulam a libido. Pronto, é o caos social. Ninguém segura, a manada se desaglutina enfraquecida de corpo e alma.

Faltou inteligência, logística, organização, competência, e o sonho se desfez. É, sovietes não conseguem ir muito longe, os russos que o digam.

Impossível se viver em uma sociedade em que não haja trabalho sério, hierarquia, valorização dos esforços individuais e empresariais, ordem, confiança nos administradores, noção de bem comum, liberdade, satisfação, consciência de suas atribuições para o equilíbrio social, onde se possa construir uma realidade que propicie felicidade, o bem pelo bem em si. Não foi por acaso que o Federalist Papers dos “Pais Fundadores” dos Esteites previu que uma sociedade política livre é governada por leis e não por caprichos.

Somos merecedores de méritos na medida em que nos esforçamos para construirmos um mundo melhor para todos e não quando nos encolhemos diante de imposições mascaradas, de narcóticos de fé mal explicada, de ladainhas e rituais extorsivos, pragmatismos toleráveis.

Mas é evidente que se quisermos somente o entorpecer e algumas migalhas para matar a fome, águas de esgotos pútridos para a sede, não o conhecimento que amplia a nossa visão, a saúde que fortalece nosso gene, a segurança e o conforto que nos garantem um futuro melhor, nosso destino será a estagnação, a desagregação, ou o que é pior, a escravidão.

Ser do bem, portanto, é saber amar, saber ser feliz a sua maneira, ter um caminho mapeado, com metas já determinadas, estradas menos esburacadas e perigosas, é não parar no açude para o banho dos pelados, é na base da garra e determinação... e um bom vinho, porque ninguém é de ferro.

Acho que até Adão se deu conta que andar pelado por aí, numa boa, só colhendo os frutos do paraíso e fazendo oferendas ao criador, não tinha muita graça. Para alcançar a perfeição, o verdadeiro éden, necessário muita luta, coragem, atenção às letras da lei universal de ação e reação. Fazemos sempre por merecer, merecemos o que fazemos, aí está o sonho, a  plena realização.

Tenho amor próprio, quero o melhor para mim e para a humanidade que está à minha volta.

Hippies, comunistas, vagabundos, fanáticos, submissos e extremistas não são a minha tribo.
Não falar do amor, por quê?


Renato Maurício Basso
Juiz aposentado




  TABELA PERIÓDICA

 

20 05 2016 


Tem coisas que precisam ser feitas e não há como adiar. É instintivo, intuitivo e necessário para a sobrevivência do animal.

Você já pensou na savana? (Depois falo do cerrado). Veja a cena de duas feras em luta por espaço territorial e por fêmeas em harém. Um vai sorrateiro e atento ao ataque e outro, surpreso, eletrizado, tomado de adrenalina em todos os seus poros, de salto se defende do golpe. Cada um se vira como pode para sobreviver e, talvez, tomar conta das fêmeas.

O predador, no alto da cadeia alimentar, tem que ser mais forte, mais ágil, mais astuto, e a presa, mais numerosa, passiva e não mais esperta e ligeira que seu agressor, tudo para que reine o equilíbrio e seja possível todos sobreviverem. Até se diz que o leão, por ser forte e esperto, é o rei dos animais, prova disso, são os brasões fabricados pelo homem em suas alegorias.

Os asnos, as zebras, as vacas e as antas tem que ser mais numerosos e mais burros. Mas as feras não podem ser muitas, não precisam alimentar outras espécies, a não ser urubus e bactérias. Não podemos esquecer do mundo marinho onde moluscos também predam e são predados. Tá cheio de bichos por aí.
Mas, voltando ao caso, tem fração de segundo em que a reação vem meio que à velocidade da luz, instantaneamente, e é o cérebro que comanda tudo através de ondas elétricas, de um mecanismo apurado movido a química e impulsos. Coisa louca mesmo. Acho muito difícil inventar, ou reproduzir um cérebro e só importaria ao humano reproduzir o seu. Chega de animal irracional, não é verdade?

Qual a taxa de adrenalina no sangue das feras? Pois é, acho que no homem tem o suficiente para sobreviver a seus interesses. Aliás, estamos voltando à época em que precisávamos de muito estímulo e energia para nos defendermos dos nossos próprios irmãos de espécie. A luta por um celular, um par de tênis, é uma constante em nossa sociedade, já não se briga para evitar a fome e a sede, necessidades básicas da vida.

Tem equipes por aí, partidos políticos, PCCs hierarquizados, que agem para o domínio ou pela urgência da demanda de outros males. O mal pelo mal em si. Cidadão por aí assaltando cofres públicos pela plausível necessidade de afagar seus instintos de poder e punguista com a mão no seu bolso para comprar alucinógenos. Taí, o problema todo é do cérebro, é o cérebro! E parece que não tem remédio quando se trata de cérebro humano.

A coisa é deveras complicada. Como fazer para alcançar a paz, o equilíbrio das emoções e o adestramento do instinto, se não buscarmos extirpar o mal pela raiz? Mas o mal está em todos nós, vejam o ódio daquela jornalista dando uma rasteira em um idoso que caiu com uma criança no colo naquela fuga desenfreada da guerra santa muçulmana. É o cérebro fabricando pensamentos de ódio e fanatismos através da química, das engrenagens, misturas, ebulições, choques elétricos, neurotransmissores, sensores, sentidos. Será que a ciência não descobriria com urgência um regulador dessa máquina pensante para conter a maldade e ativar com mais precisão pensamentos de fraternidade, amor, coerência, subsistência, antes que seja tarde demais e um maluco qualquer aperte o botão vermelho do fim de tudo, deletando, extirpando o planeta e a vida com ele? Como dizia o poeta “está em qualquer profecia que o mundo se acaba um dia” e do jeito que a coisa anda dá para ver o fim no fim do túnel.

Será que não estaria nessa regulagem cerebral o remédio para a humanidade? De outra forma, adestramento, educação e direitos não me parecem, por si só, eficazes para acabar com o mal, com o pecado, com o demo e seus capetas.

Será que a química poderia ser a salvação? Me parece que se pressupõe que ela ativa o ataque e a defesa, as emoções e a lógica. Afirmativo, sim. Então a saída para a paz, o paraíso, seria, inicialmente, investimento pesado no conhecimento do cérebro humano. Claro, já tem gente pensando nisso faz tempo. Já temos condições de controlar obsessões e fobias através de sais, de composições químicas e alguma conversa de divã, controlando, assim, o próprio mal. Talvez, em uns vinte ou trinta anos, do jeito que a ciência evolui, possamos organizar melhor os pensamentos e por consequência o relacionamento humano num objetivo comum, transparente e coerente com a busca pela perfeição. A tarefa não é para fracos e por enquanto estamos alinhavados por religiões, seitas e congêneres, profetas e pastores que até hoje não conseguiram nada além de unir legiões em preceitos de moral, costumes, rituais e medo. Estamos engatinhando.

Sabe o tal exame do pezinho? Deveria ter um exame genético capaz de prever quais os tipos de sais e dosagens são necessários para uma boa procriação. O casal iria a um laboratório, faria coleta de material e já teria a previsão da demanda cerebral do futuro filho em poucas horas. Aí era só comprar na farmácia o remedinho para acabar na semente as traquinagens do rebento. Seria ótimo se, conseguido isso, não se pretendesse alienar a mente do vivente, descascar a laranja mecânica. É, mas então o mal perduraria, e o remédio tem que cumprir sua função desde a raiz, em um novo gênese, sem pecado original.

A química, senhoras e senhores, seria o salvador da pátria, um verdadeiro Messias ou a volta dele, não tenham dúvida. Coisa de ficção futurista que daria um bom filme, principalmente se dirigido por Arnaldo Jabor.

E na nossa realidade atual precisamos, além da química, do analista, a metafísica, a crença e o pregador, para controlarmos o gado no curral. Mentes predadoras alienando, controlando, sugando outras mentes. Feras fanatizadas pelo poder corrompem, matam, escravizam burros e coniventes. Mas no cerrado, como toda a regra tem exceção, lei da vantagem, tem mulas, vacas e antas que estão dando uma de predador. Eta faunazinha sem-vergonha. Rapaz, a gente não entende nada do que falam, e olha que temos um pouco de noção de concordância verbal, nominal... é uma barbaridade!

Como é que funciona o comando de tudo no país se o raciocínio verbal, a construção da frase é totalmente ininteligível? Como é que se entendem os gerentes do botequim? Está todo mundo bêbado, mentalmente desequilibrado, descompensado pelos sais da safadeza, clientela e bolicheiro.

Na falta da química do bem, precisamos de atitude rápida e certeira para nos defendermos da quadrilha de feras que nos rondam, roubam o nosso salário, nos escravizam com impostos e sacanagens, deixam-nos a esmo na convulsão da violência urbana que imprime em nossas mentes lições de medo e abusos.

É a sobrevivência de uma nação inteira que está em jogo, não dá para adiar, é o próprio instinto que põe a mostra a necessidade de reação. Tem remédio aí para a química do instinto?

O pano vermelho ilude mas também estimula a fera ruminante do cerrado; serve de abrigo, de camuflagem para o bote. É preciso enfrentar a matilha já, com golpes de inteligência, com coragem, com força, com adrenalina. É chegada a hora.


Renato Maurício Basso



NO LIMITE

  

20 05 2016 


O título parece nome de filme de “Roliudi”...
Até que “al fin” me acordei...!?
Posso ou não posso escrever assim? Não falo das aspas, mas da pontuação final. Estou me expressando, não é mesmo? O “acordei” (lá vem aspas de novo, não acho muito bom, é muito chamativo na cabeça do gado geral, identificável, até), pode ter uma terminação fonética indefinida, logo em seguida som de exclamação e, a final, aquela maneira meio descompassada de expressar ignorância ou cinismo, dentre outras facetas do ser. Faz o teste e me diz...

Mas tudo está na mente do freguês, depende do ponto de vista, da relatividade. A meu ver, por exemplo, o bem e o mal ocupam o grosso da massa cerebral, se assim me permitem. Dependendo da essência, digamos espiritual, de cada um de nós, as partes mais singulares, mais aprimoradas, mais regadas quimicamente, modelam o caráter do indivíduo. Se a parte boa captar mais elementos vitais, melhor para ela. Agora, se o contrário acontece, estamos fritos em pouca banha! É só porcaria que te aparece em noite de sexta-feira treze! (Acho que esse tal treze é do mal mesmo, vocês não acham?). Vira uma bagunça. Os pensamentos criados na calda do mal fazem cada uma... É todo um setor de logística buscando brechas para minar os alicerces da oposição (aquela do bem, lembra?), para tentar manter o controle. Se vier umas crias meio burras, exércitos trapalhões, fica bem melhor no escore para o bem. Veja bem a ordem descendente: o pai ensina o filho, o antecessor modela o sucessor... e por aí vai. Pois bem, que química cerebral tem um molusco para ensinar uma anta? É mais ou menos isso e não há mal que sempre dure. O gráfico do IBGE está com a setinha a mil por hora em direção ao pântano, ou não é bem assim?

Pois então... ó raios, maledetos!!! Pimenta malagueta (de Málaga), “nozóio” dos outros é refresco. Como é que vamos alimentar e fomentar o bem para que produza pensamentos mais espertos? Acho que a química tem muito a ver com isso. Mais lenha no caldeirão do bem e tudo bem. Equilíbrio rapaz! Você pode transcender, sair de órbita (no bom sentido), e buscar uma explicação divina, fica à vontade, mas depois me conta o que você descobriu. Você acredita no ET de Varginha? Seria bom falar com ele, trocar ideias e saber sob que perspectiva nos vê. Até parece que o cara nos veria de cima (putz, mais um), dizendo: “vocês precisam acreditar em mim porque a coisa está feia para o seu lado. Estão ferrando com o planeta e não estão nem aí para a Hora do Brasil. Está um caos. Vou ter que eliminar uns dois terços de vocês, ainda não sei de que forma, mas vai ter choro e ranger de dentes. É claro que vou ter que separar os melhores, já escolhi. Vai ser uma poda, entendem? Nada pessoal, é que eu criei tudo isso, lhes dei livre arbítrio para lidar com o bem e o mal e vocês estão só na malvadeza, seus safados. Esse bem sempre precisando da minha ajuda, já estou farto”!

Sai dessa. O ET nunca poderia ser o manda-chuva, talvez o Guarda Belo, mas pode, também, trazer uma mensagem de paz e amor, bicho. Só estou repetindo as colocações da ufologia, como diria o jornalista Tasca de Chapecó voltando da nave que o abduziu.

O mal fede, é repugnante, envolvente, maroto, ladino. Eu que não gosto do cheiro de enxofre e nem de esgoto, das alcovas e dos sovacos dos tinhosos, capetas, chifrudos, corro léguas dessa meleca. Esses caras metidos com o mal não são repugnantes? Uns fedorentos! Aquela parte das suas mentes vai ficando mais manchada. É o câncer tomando conta, a podridão. Onde está o corretivo? É muito direito. Vi ontem um advogado se intitulando especialista em Direito Digital, não sabia que existia, estou por fora, mas fora isso, tem preso ganhando salário e aposentado ganhando merreca, e está tudo bem... tudo bem uma ova! Tudo mal!!!

Qual a química, meu Deus? Essa tal Tabela Periódica é uma encrenca. O que combina com o quê? Estamos precisando de um ajutório. Manda logo as sete pragas ou o dilúvio. Não está dando mais para segurar.

 

Renato Maurício Basso
Juiz aposentado 


CANIS MAJORIS 

 



20 05 2016


Andiamo fare una passegiata, pero no molto píccola, breve, quiçá, para não se perder por aí.

A coisa é breve mesmo. Nos transportemos para fora do nosso sistema solar para compararmos o nosso pequeno sol com a maior estrela conhecida, a VY Canis Majoris, também conhecida como VY Cma, que fica a 5 mil anos-luz da Terra e tem 2,9 bilhões de quilômetros de diâmetro, porte 1.800 a 2.100 vezes maior que o nosso Sol. O diâmetro da superstar equivale a nove vezes a distância da Terra ao Sol! Mas pode haver astros ainda maiores, já que hoje se conhecem "apenas" 70 septilhões de estrelas no Universo. A VY Canis Majoris fica na constelação de Cão Maior, na Via Láctea, e ganhou o nome da mitologia grega. A constelação representava o cachorro de Órion, o caçador gigante. Apesar do tamanho descomunal da Cma, não é possível vê-la da Terra - ela está morrendo e despejando parte de sua massa em uma nebulosa que encobre nossa visão.

De lá, então, percebemos que o nosso pequeno sol é invisível, um grão no universo, e a Terra? Um nada, um átomo em órbita de outro átomo um pouco maior, um elétron, um próton, um núcleo, sei lá, mas coisa ínfima mesmo, quase um nada. Ao lado da VY Canis Majoris nosso sol nem aparece de tão minúsculo.

Como é, então, que uns miseráveis micróbios como nós, morando neste planeta, neste microscópico sistema solar, podemos estar dotados de um cérebro que pode abarcar essa loucura toda, pensar em inclusão em tudo isso? Quem somos? Qual a nossa função neste contexto inexplicável? Pensar grande sem ir à loucura não é para fracos, e é por isso que um bom vinho uma vez ou outra não faz mal, pelo contrário.

Mas não é verdade? O que é que esses bichinhos matreiros estão fazendo por aqui, procriando, construindo, brigando, se digladiando consigo mesmo, com seus semelhantes e adoecendo o planeta, seu lar? Estão no caminho da destruição se valendo do seu sistema cerebral arcaico, de uma energia que muitos chamam espírito, ou alma. Mas que valor tem para o universo a mente de um terráqueo, o seu espírito, a sua alma? Diante dessa imensidão toda, será que não tem uns espíritos mais energizados, com energia em maior quantidade do que no humano? Uns espíritos gigantes, um paradoxo? Quem somos para afirmar que a humanidade representa a única forma de vida pensante do universo? Que somos os únicos, ou até, os escolhidos pelo Criador? Que diferença fazem meus atos diante do universo? Não dá nem coceira.

Não dá para buscar entender tudo o que nos é mostrado se não temos uma boa base de conhecimento, e conhecimento para sustentar a compreensão do universo ainda não temos. Vamos deixar quieto, por enquanto, porque o micróbio pensante está entretido com outras prioridades, outros focos que lhe deem satisfação imediata e uma singela possibilidade de se manter no formigueiro, de matar suas necessidades biológicas e suas fantasias.

É de se perder, não é mesmo? Que encrenca! Em que enrascada essa maluquice pode nos enlear... Lembro do meu filho aos nove anos de idade me perguntando “Pai, o universo tem fim?” É aí que o bicho pega. Fiquei a ruminar uma resposta plausível na minha cabeça pensante e acho que demorei demais, porque não deu tempo para evitar uma segunda e não menos intrigante pergunta, “Porque se tiver fim, tem de estar dentro de alguma coisa, não é?” E lá veio a bomba H pra acabar de vez com minha perplexidade, “E essa outra coisa teria fim? Caso contrário estaria, também, dentro de outra coisa maior”... Pode parar meu filho, eu disse, isso ninguém explica, não se incomode por enquanto.

E aí “dois problemas se misturam: a verdade do Universo e a prestação que vai vencer”, não é mesmo?

Mas não é uma barbaridade a gente não poder entender as coisas? O vivente fica mais perdido que cachorro caído de caminhão de mudança, do que cusco em procissão.

E lá fui eu pra VY Canis Majoris meus amigos. De lá vi só coisa que nunca tinha visto antes, nada familiar, nada parecido com o que se vê em Brasília ou na Conchinchina, na Rússia ou na América Latina. Mas como eu dizia no início, o passeio tem que ser breve nessas horas, e, rapidamente, voltei à minha condição de micróbio, tendo que me encher o saco com aumento de gasolina, inflação alta, corrupção, impunidade, cara dura, falcatrua, violência e amargura. Como é que vou explicar essa porcaria toda? Esse micróbio filho-da-mãe pensa que é Deus, uns até se intitulam filhos dele, escolhidos por ele e tudo o mais. Como é que vou explicar que o homem precisa de regras para conviver em sociedade – outros até receberam umas tábuas, marmelo, chicote, holocaustos, dilúvios, êxodos, escravidão e peregrinações e não aprenderam nada -, se ninguém obedece as leis que estão aí? São os deuses da impunidade. Ninguém toca nos safados caras-de-pau.

Que enrascada hein? Mas volto, de leve, para Canis Majoris, só para aliviar minha mochila cheia de conceitos, preconceitos, raivas, frustrações (do ódio e da inveja tento me afastar o mais longe possível), da eventual soberba, do medo e da ignorância. Pronto! Acho que me sinto um pouco mais leve... então, de volta, já, para o teu mundinho insignificante, meu filho.

Vamos trabalhar com o que temos de palpável, senão complica tudo. Pois então, nós micróbios – que deveríamos ser macrobióticos e não matar animais para comer – e lá do fundo da plateia, meio na penumbra o cara grita “não abro mão do meu churrasco”, e eu concordo -, nós micróbios devoradores de outros micróbios e que somos devorados por ainda outros micróbios, precisamos nos organizar para manter a nossa colônia viva dentro do macrocosmo. É uma questão de sobrevivência gente. Uns micróbios aí, os do mal, estão bagunçando o coreto e a coisa não está andando conforme manda o figurino. Sabe aquelas amebas que moram no intestino? Essas mesmo, as que vivem na podridão, do estrume, se você não controla o número delas, acaba sendo por elas, e por outras, devorado. Vê como fica se tua imunidade vai abaixo de um índice razoável...É caixão na certa!

Gelo em Marte, diz a Viking, lembra dessa? Bem atual, não é? No entanto, não há galinha em meu quintal...

Mas que é difícil a tarefa de organizar a colônia humana, lá isso é uma grande verdade, ainda mais com essa bicharada toda querendo ganhar espaço, poder, dinheiro, idolatrias de toda sorte. E é em todo o lugar, em todo o aglomeramento. Moluscos, antas, metidos a parar em pé, sobre dois pés, vomitando impropérios de estelionatos e orgias em nome da justiça social...uma tristeza. Mais triste, porém, o admirável gado novo que os segue, ou o que é o cúmulo da desesperança, aqueles que assistem a tudo de forma passiva e covarde, esses são os piores. Nem Jeová, Jesus de Nazaré ou Maomé, são suficientes para controlar os ímpetos da humanidade, que falar de Buda (não o molusco), pastor ou pagé.

É amigo, viver não é fácil não. Ninguém se entende, estamos todos perdidos, todos em busca de uma explicação para tudo que é coisa e pouca coisa é explicada. Religar o ser ao transcendente? Mas será que algum dia já foi ligado a Isso? É engano em cima de engano e não é para menos que o pixuleco tem o número 171 no peito. O estelionato é o delito mais abundante no relacionamento humano, e está tudo bem. Que barbaridade, que pouca vergonha, que falta de brio e de capacidade para se indignar com a roubalheira que essas amebas estão a praticar,  autorizados pelo nosso voto. Giárdias vorazes. Vocês não irão muito longe, não irão tomar conta do organismo  todo, da sociedade toda. Serão punidos pela sua volúpia que nasceu das guerrilhas e nos porões, pela gula, por seu dolo. O seu voo é de galinha e seu destino é ciscar o chão em busca de vermes outros que é o seu alimento.

Aliás, que projeto social tinha um tal Guevara? Ops, o cara é fera, estão dando a escolas o nome dele. Menos. Cheirou uns talcos, fumou uns boa-noites fedorentos, saiu de uma aldeiazinha na Argentina e foi matar gente em florestas tropicais, enlouquecido pelo ópio vermelho. Qual era mesmo a sua proposta para as gerações futuras, para a educação, para a melhoria da sociedade? Nenhuma pessoal. Seu negócio era metralhadora e terror, nada mais, tudo para alcançar fama, um bolivarzinho de  cuecas, libertador de arrotos e flatos com cheiro de enxofre do quinto dos infernos.

Que plano prático tem essa corja de protozoários para a evolução mental, ética, moral, da sociedade brasileira nesse pedaço de torrão desse grão de areia no cosmo? Precisa responder ou vocês tem a resposta bem na frente dos seus narizes, nos mensalões, petrolões, apedeutas e falastrões que infectam palácios planaltinos e repartições públicas no meio do nada? Até uma prefeitazinha metida a besta lá no interior do Maranhão (bem, lá tem escolas excelentes e bons professores sarnentos para ensiná-la), teve o topete de meter a mão na merenda escolar das criancinhas. Está tudo dominado, não é? Por quanto tempo ela irá ficar em cana Dias Toffoli? Como é primária, tem bons antecedentes, coisa e tal, tempo irrisório. E a farra continua com esses vermes fervilhando numa ebulição desenfreada dentro dos cofres públicos, sem que a sociedade conteste, berre, grite... a impunidade é uma droga!

Que mais se quer? Estão infiltrados no próprio Poder Judiciário, na sua mais alta Corte. Alerta vermelho pessoal! O paciente está ficando com sua imunidade muito baixa e pode ir a óbito. Vamos ministrar o remédio devido urgentemente antes que seja tarde demais. Temos bons médicos e creolina da boa para extirpar a bicheira.

Como é que iremos evoluir se não nos mostram o caminho certo, se não nos dão o exemplo de retidão, de postura correta? Bactérias e vírus não brigam entre si em suas colônias, ao contrário, procriam velozmente em ambiente favorável para manter sua espécie. Mas e o micróbio humano? Precisa de sacanagem na busca do poder e o brasileiro tem a lei de Gerson em prática desde mil e quinhentos. É, olhando lá de cima, de Canis Majoris, é tudo ninharia, mas como incomoda...

Em que universo estamos inseridos, hein meu filho? Será que tem fim? E eu que ia ser breve... Que micróbio pretensioso eu sou... Já pensou?

 

Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

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