quinta-feira, 2 de junho de 2016

BATERIA DO TEMPO

 
02 06 2016 


Troquei agora a bateria do meu computador, aquela que alimenta o calendário e o horário. No início do acerto me deparo com o dia 16/06/2007, 15 horas, e fui em busca do 02/06/2016, às 15h10m. O ajuste começou meio lento, mas lá pelo meio a areia se esvaiu da minha ampulheta e ultrapassei o destino. Não que eu tenha dormido no ponto, mas me permiti ir um pouco adiante porque vivo meio fora do meu tempo mesmo. Em questão de segundo, viajei uns vinte anos entre passado e futuro. Velocidade da luz, mais ou menos, entre ida e volta, não calculei. A vida é curta, me dei esta certeza no momento, e preciso aproveitá-la ao máximo.

Quando vinha da loja de informática, no trote, encontrei um vivente mal encarado que ficou me olhando de um modo ameaçador. Não me oferecia perigo porque havia mais pessoas na rua, então segui em frente pensando no caso. Ligo a TV e vejo sangue escorrer pela tela, o caos social que se vislumbra também na falta de educação, de saúde, de saneamento básico. Não é para menos que os programas policiais tem boa audiência. E tudo isso é perfeitamente programado, não se tem dúvida. A quem interessa o caos?

A sociedade espera pelo messias e ele vem na forma de um anfíbio anuro com barbas brancas que coaxa a canção da perfídia. Está todo mundo com medo do vizinho, vivendo a fobia da incerteza. Será o Temer a salvar a nação? No momento é a nossa única esperança.
Bueno, já acertei a data presente e essa é a realidade. A TV agora me mostra a briga no Senado em volta do impedimento da presidente afastada.
O senador João Capiberibe disse no plenário que no Brasil meia dúzia de pessoas mandam e que alguns senadores as vezes tem crises de inutilidade dentro do Congresso, e a senadora Gleisi afirma que a ampla defesa de Dilma requer uma auditoria internacional nas contas públicas brasileiras. Não vou misturar as coisas, mas os protocolos do Cemitério de Praga de Umberto Eco dão razão a Capiberibe. Quanto à senadora comunista, acho que precisa aprender um pouco sobre Direito Internacional Público antes de falar uma besteira dessas. Que não vem querer indicar uma comissão bolivariana para mexericar o TCU. Só falta o “passado de maduro” dizer que a “cumpanhera” está mais do que certa ao assaltar os cofres públicos. Menos, senhora comunista de ocasião!

O Cardozo, já sem a empáfia de ministro, argumenta hoje que estão tentando cercear a defesa da Dilma e quer a juntada das gravações da voz de Jucá sobre o “golpe”. Matéria nova, diz ele sem gaguejar, que é muito importante para provar a inocência da sua cliente. Sua fala não tem o brilho da espada da Justiça e seu desânimo salta aos olhos. O homem é bom na oratória, mas não tem conversa que convença a nação da inocência da ré e empurrar com a barriga o processo para que alcance cento e oitenta dias sem julgamento, é estratégia que não vai dar certo. Já pensou a Dilma de volta à presidência com o processo de impedimento não encerrado?

Quando voltava dos onze anos à frente, tirei o dedo do cursor ali por setembro do corrente e não vi a Dilma no poder, nem o Lula lá. O “exército” do Stédile estava sem suprimento de mortadela e os comunistas desesperados. Bela visão.
Ia esquecendo. Vi de relance o diabo fazendo a panela mas não a tampa, senhor Cunha! Aprendi o ditado na minha igreja. Na sua, ou não é ditado corrente, ou você é muito cara de pau mesmo. Fico com a última das hipóteses, porque a sua cara não esconde safadeza. Só de olhar se vê que você mentia ao afirmar com veemência que não tem conta na Suíça. No pôquer você deve ser um desastre! Seu jogo é nas máquinas! Na máquina política, nos covis, nos porões dos templos sagrados; nos cochichos e nas surdinas dos gabinetes; nos palácios e nos púlpitos. Não tem volta para você também, se não quer analisar, espera para ver, paga para ver.
Futuro vislumbrante... Acho que amanhã vou tirar a bateria do meu computador para uma limpeza geral...


Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

Nenhum comentário:

Postar um comentário