terça-feira, 14 de junho de 2016

ETERNA VIGILÂNCIA

14 06 
 
 
Se tiveres visão turva, procuras o oftalmologista logo! Podes te perder pelo caminho, cair fora da estrada e ter de procurar teus semelhantes em outras paragens (forma educada de mandar procurar sua turma), dizia eu alguns anos atrás, ao me defrontar com certas contradições.
Com o vizinho de porta não é bom brigar, tem de ser na base do diálogo, mesmo que fosse ele um chato de galocha. Seria estresse quase todos os dias em todas as semanas do mês, e eu tenho outros assuntos a tratar.
Mas do meu caminho sei eu, tenho meus projetos e gosto de boas aventuras... tive o meu tempo de marchar de acordo com a batida do tambor, à la Ben-Hur nas galés, hoje me vejo liberto e danço conforme o ritmo que gosto, seja na batida do samba ou do limão. Sigo o lema da liberdade com responsabilidade. Questão de princípio.
Porém, o doutor anda muito nervoso. Tendo penado duro para conseguir um bom patrimônio, põe a mão no trinta, porque está com medo que todos os vermelhos procurem a turma deles, se unam e invadam sua fazenda. Se vier na minha, de cento e poucos metros quadrados, rechaço educadamente, no relho.
Também não quero esse tipo de vizinho.
Dizia ele que o Exército não iria aceitar invasões e ocuparia as ruas para restaurar a ordem, na porrada. Claro que tal possibilidade está prevista na Constituição Federal, mas, inicialmente, a mando de um civil, no caso, o Presidente Interino.
Não vejo cenário para um golpe militar nessa altura do campeonato entre vermelhos e verdes/amarelos, pode embainhar a adaga meu amigo. Nós patriotas somos muitos e iremos antes do Exército, em todas as cidades, reclamar por democracia e dizer “Fora” aos comunistas. Não será necessário derramar uma gota de sangue, nem lágrimas, tenho esperança.
O perigo iminente seria o exército na mão de um civil, mas Temer não tem pinta de Chavez ou de Getúlio. Não é populista e nem tão popular para manter um projeto totalitário. Está tentando colocar o trem nos trilhos e disse que não quer se candidatar em 2018. Veremos muita coisa até lá.
Então, ditatura, a meu ver, sem possibilidade, seja de direita ou de esquerda, seja de soldados ou de guerrilheiros.
Na nossa turma temos propósito de tentar conviver com o vizinho, mesmo que ele não saiba da dimensão dos problemas da má vizinhança e a esperança, mais uma vez, é que com o tempo ele aprenda.
Saberemos nos posicionar e somos bons na peleja da vida. Vamos deixar os comunistas procurar a turma deles, certos de que a liberdade depende da eterna vigilância. Jefferson dizia que “o poder está sempre roubando dos muitos para os poucos, o que exige precaução”.

 
Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

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