terça-feira, 5 de julho de 2016

MEA CULPA

05 07 2016 
 
 
Tem pensamento que se não cuidar vira obsessão. O da culpa, por exemplo, muito bem explorado pelas crenças e fés, contribui para um montão de devaneios. O peão fica tonto, embriagado e a culpa acaba atingindo o seu ápice, o seu cúmulo, que nada mais é do que o vivente se culpar por ser feliz, por ser saudável, ter boa posição social, conforto, família sólida, bons amigos e mente aberta para a existência.
Paranoia braba. E então, é aquela estória do “dá cá que eu ajeito a tua vida”. Muitos vão se exorcizar em rituais mirabolantes, outros tantos são levados na conversa por qualquer otário e alguns, sei lá se é pior, se embriagam de cachaça, de folia, de Prozac e terapias.
O ponto de equilíbrio social não é fácil de ser calibrado, mas o que se está vendo por aí é o caos. Valores e princípios estão sendo reformados pela mídia endiabrada e o gado não sabe que anda a passos largos pelo brete do matadouro. E o que você acha que sabe sobre humanidade, sobre a sua condição de cidadão contribuinte do velho sistema fiscal? Quem diz a você com quantos paus se faz uma canoa, o que vai vestir, ler, comer? É melhor ser cristão ou muçulmano?
Maomé, nos anos seiscentos depois do profeta Jesus, ditou o Alcorão, misto de cartilha religiosa com legislação civil e penal. Infiéis que somos nessa nova cruzada, estamos muito devassos, aceitando uns desvios nada aconselháveis. Temos de nos render à nossa culpa pelo declínio da moral e necessitamos de conversão imediata. Precisamos orar pelo menos umas quatro vezes ao dia e passar por autoflagelos sangrentos, quem sabe até cometer suicídio e morte de alguns para lavar a alma, a loucura.
Tudo por Alá, Jeová e sei mais o que lá.
Se não temos condições de legislar de modo a distribuir igualdades de direitos, de direitos adquiridos pela sabedoria, pelo sacrifício, o negócio é largar tudo na mão da teocracia mesmo e ver a encrenca que dá. Legislar em causa própria é muito bom e o Congresso sabe muito bem disso. Cuidado senhoras e senhores deputados e senadores que o estado islâmico está vindo aí! Época de olimpíada é bom porque dá um ibope desgraçado e não vai ter lei para aflorar o sentimento de culpa dos camicases. Estão largando ladrão a rodo, evitando prisão de corruptos, penalizando atos de autoridades e rindo da nossa cara. Deu! O negócio é Lei de Talião, na base do dente por dente e olho por olho. Roubou, corta a mão do vagabundo, mesmo que não tenha todos os dedos para pagar os pecados. Olha a condenação de um ministro chinês hoje por corrupção: PRISÃO PERPÉTUA seu doutor!
Veja se é muito comum passar a mão no dinheiro do povo, ou do governo, por aqueles lados. Bobeou, o relho pega direitinho. É cana braba sem celular, visita íntima e salário.
Por aqui não. Os nossos lacaios congressistas estão metendo a mão na algibeira do povo sem dó nem piedade, e sem sentimento de culpa. Estão carecendo de um corretivo à altura de sua volúpia, de algo aterrorizante, de um atentadozinho nos pilares da sua sede pelo poder e pelo metal.
Na política brasileira, o que ainda está de pé, trama pelos porões palacianos para ficar em paz com a mídia, inclusive no porão do STF, e para dar seguimento a planos ditados sabe-se lá por quem. Seria pelos hebreus ou pelos maometanos?
Os primeiros são mais hábeis na prestidigitação divina, os últimos mais convincentes nas atitudes e tanto um quanto outro se valem muito bem da culpa para subjugar o fiel. Se você pensar por você mesmo, botar a cabeça fora dessa neblina, comer do fruto proibido, irá padecer no paraíso, entulhado de culpas, inclusive aquela por ser feliz.
Boa jogada. Sinta-se culpado por ser rico e deposita um pouco na conta dos pobres, do Cunha, senão a culpa te corrói.

 
Renato Maurício Basso
Juiz aposentado

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